ESCURIDÃO
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Andar na escuridão completa à procura de nós mesmos é o que fazemos.
Clarice Lispector
Em decorrência do que nos acontece na vida e do que precisamos enfrentar, por vezes, as luzes se apagam. Não se sabe exatamente de onde vem essa escuridão profunda, que vai tomando conta da nossa existência sem pedir licença, sem aviso prévio, e se move em direção ao último feixe de luz que ainda se sustenta no ar. E vamos vendo cada vestígio de iluminação desaparecer em meio ao vão que essa nova escuridão vai criando ao nosso redor.
No desenrolar desse evento, que se impõe de forma devastadora, começamos a perceber que, até mesmo, aquilo que parecia luz, na verdade não era. Aquilo que acreditamos e ao que nos apegamos durante muito, muito tempo, eram apenas ilusões criadas por nós para mascarar nossas próprias dores. Aí vem o choque de realidade, que termina de nos esmagar, e a queda é certa.
Lembranças negativas do passado vêm à tona. A autoestima se esvai por completo. E, muito infelizmente, a autodepreciação toma seu lugar. A dor interna é tão grande, que não fazemos ideia de como lidar com ela. O mundo fica cinza, sem cor, sem movimento.
Neste momento, temos duas opções: Sucumbir à desesperança ̶ já que a esperança passa a ser somente uma lembrança vaga, sem sentido ̶ ou se concentrar em buscar meios de trazer a luz de volta.
A vida é feita de momentos. Isso parece soar como um clichê, mas é a verdade. Momentos que oscilam entre a mais intensa euforia e êxtase, e a mais profunda dor e escuridão. E, tenho a impressão de que essa oscilação vai direcionando nossos caminhos. É como se as pancadas que levamos nos acordassem para uma nova realidade, e os deleites que vivemos fossem o prêmio por acordarmos. O alívio depois da tempestade, também traz seu ensinamento.
Olhando pelo lado de quem decide concentrar seus esforços em encontrar novos caminhos para que a luz retorne, podemos pensar no que a escuridão nos ensina. A primeira possibilidade que me vem à mente é o silêncio que ela traz. Claro que depois de todo o barulho que sua invasão promove, ao nos depararmos com a escuridão profunda, nos deparamos com o mais absoluto silêncio. Aquele silêncio que, talvez, nos momentos de alegria e euforia, não consigamos perceber. Mas lá, naquele breu assustador, podemos senti-lo com muita força.
Um dos aprendizados mais fortes que o silêncio nos traz é o “ouvir”. O silêncio vem quando nos são tiradas todas as distrações, quando não nos resta mais nada a não ser, ouvir. Muitas vezes, vem como um soco no estômago, ou uma atordoante vertigem, que nos tira o equilíbrio. Mas, assim que paramos para escutar, tudo começa a fazer mais sentido.
Eu gosto da noite. Sem a escuridão, não poderíamos ver as estrelas.
Stephenie Meyer
Mas, escutar o que? Você pode estar se perguntando, já que é sobre silêncio que estamos falando. Escutar o próprio silêncio que nos habita. O som da nossa respiração, o bater do nosso coração. Entender por quais processos a vida passou para chegarmos até aquele momento, desde o início, quando as primeiras peças deste imenso quebra-cabeça chamado de vida começaram a ser posicionadas. Somente no escuro absoluto podemos enxergar as estrelas e, a sutileza do brilho que elas refletem, sempre tem algo a nos ensinar. E, é no brilho delas que podemos começar a encontrar o caminho de volta.
A escuridão esconde o verdadeiro tamanho dos medos, das mentiras e dos arrependimentos. A verdade é que eles são mais sombra do que realidade, por isso, parecem maiores no escuro. Quando a luz brilha nos lugares que vivem no seu interior, você começa a ver o que são realmente.
A Cabana
Quando a escuridão chega, é tempo de parar, escutar e sentir. É tempo de silenciar-se a ponto de ouvir o som do silêncio de dentro de nós. É hora de confrontar nossos monstros, nossas sombras, para que, quando a luz voltar, estejamos prontos para recebê-la.
Saber que, não importa em qual nível de escuridão nos encontremos, sempre haverá um caminho de volta, define o verdadeiro sentido de esperança. E quando o primeiro feixe de luz aponta lá no horizonte, sabemos que é sinal de que vamos para casa.
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Luz e paz!
Até a próxima.