A PAIXÃO SEGUNDO G.H. - O FILME
Vou tentar passar para vocês algumas de minhas impressões e emoções com o filme.
Li algumas críticas nas quais as pessoas dizem que o filme é ruim, que a atriz fica lendo o livro, que o filme é monótono, é nojento, outras não gostaram e saíram no meio do filme, (vi isso acontecendo: na sessão que estava, algumas pessoas deixaram a sala - umas logo no início e outras mais ao meio), mas apesar desses comentários fui assistir ao filme, afinal, era Clarice Lispector.
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A direção do filme está impecável e a interpretação da atriz, perfeita. Conseguiram "filmar um filme infilmável", como disse a própria Maria Fernanda Cândido. Há cenas difíceis de se ver, como quando o foco está na barata, é mesmo de dar náuseas, mas essas cenas só tornam a narrativa mais real e fiel ao livro. Para mim, um dos melhores filmes dos últimos tempos, na verdade, o classificaria como uma experiência, que nos leva ao fundo de nós mesmos.
É, talvez, por ser tão forte e nos convidar, junto com G.H., a fazer um mergulho nos nossos porões, que algumas pessoas se negam a querer ser tocadas e pensei: é um filme que ou você ama ou odeia.
“...ESTOU PROCURANDO, ESTOU PROCURANDO. ESTOU TENTANDO ENTENDER.”
Esta é a primeira frase do livro.
G.H. era uma escultora rica, morava na cobertura de um prédio, em um belíssimo e amplo apartamento bem decorado, onde vivia na solidão, com uma empregada, da qual não lembrava de seu rosto, pois, para ela era quase invisível.
Após a saída da empregada, ela se propôs a limpar a casa e a organizá-la. Se propôs a arrumar. E foi começar pelo quarto, agora vazio, da funcionária, acreditando que deveria ser o mais sujo e repleto de entulhos. Quando lá chegou, viu seu engano. O quartinho estava limpo, sem lixo. Embora fosse um quarto oposto à sua casa, oposto à sua suave beleza.
Antes de entrar no quarto da empregada G.H. “era o que os outros sempre me haviam visto ser, e assim eu me conhecia”. Na verdade, não se sabia quem era, e neste quartinho (no encontro com o inconsciente) ela foi se vendo, olhando para seu passado, se deparando com o que não foi dito, “se não disse é porque não sabia, que sabia, agora sei...”. Quando abre o armário, se depara com uma enorme barata viva.
O encontro inesperado entre G.H. e o inseto asqueroso, a barata, é a base de sua profunda indagação sobre a vida, o amor, o prazer e a morte. Ali começa se indagar o que está procurando, o que precisa ser organizado, o que está fora de ordem, o que foi sua vida, o que é a verdade e diz “eu a temia e a temo...”
Estar nesse quarto desconhecido era uma viagem sem volta e passava pela barata, encará-la era buscar a verdade, uma verdade que desconhecia e temia, mas tinha também algo de sedutor na barata, que a impelia a ela.
Na luta pela busca de si, prova do interior da barata, para poder se ver revelada. Busca sua redenção, enfrentando seus medos, seu medo da morte. Lança-se numa viagem para além do humano, para ser – ser humano.
O convite para assistir ao filme é também um convite ao mergulho em si mesmo, não ter medo do novo, não ter medo do que não se entende, porque em última instância, o que se busca é o amor, e aprendemos com Freud que a psicanálise em essência é a cura pelo amor.
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Clarice sendo Clarice não é mesmo?💋 Carla Kirilos
Salve Clarice Lispector!
Ela conseguia mergulhar nas profundezas do ser…
Namastê!