ALGUMAS CERTEZAS
Sou uma pessoa que não é nada chegada a certezas, porque acredito que tudo é passível de mudança, que o hoje determina meu amanhã. Assim, o que sou agora, posso não ser amanhã. O que é verdade hoje, logo já não é mais. Há sempre um novo a ser descoberto, uma nova teoria, um novo pensar, uma nova forma de lidar com as coisas, uma nova descoberta em mim, uma nova revelação de Deus, e ainda a ciência que não para, vivemos em constante movimento.
Gosto mais do estar do que do ser. Ser isso ou aquilo me diz de uma rigidez. Com raras e honrosas exceções, como ser cristã, ser mãe, ser avó, isso não muda! Ah estudante e aprendiz, também, vou ser sempre! No mais, tudo é estar.
Já estive assessora, gestora, professora, consultora, conselheira, isso para dizer de funções desempenhadas, como também já estive esposa, amiga, colega, sócia e tantos outros lugares que foram importantes e que me sentia parte, em alguns deles, até acreditei que era, mas, na verdade, eram apenas estados passageiros.
Hoje, estou psicanalista, apesar dos mais de trinta anos de estudo. A cada dia, a Psicanálise me afeta de uma forma, que vou me transformando, me acrescentando, seja pela própria análise, seja pelo caminhar com meus pacientes. Assim, a cada dia, estou uma Psicanalista diferente, nunca terminada, nunca pronta e acabada, numa tessitura infinda.
E tudo bem. Não há nenhum mal nisso.
Aprendi que é muito bom poder transitar em vários lugares, funções, estados, sem criar a obrigação de estar para sempre, pois em quase tudo há sempre um prazo de validade. Saber reconhecer que passou, acabou e é preciso avançar, é o que nos possibilita saber que somos múltiplos, multifacetados e há uma gama enorme de situações que podemos viver, estar, sem que haja a necessidade de ser isso ou aquilo.
E quando me deparei com Sabino (in: Encontro Marcado) quando diz: “De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”
Percebi que o significante certeza aparece aqui como sendo da ordem do movimento, do inacabado, do impreciso, muito diferente do significado dicionareiro.
Sabino traz aqui as certezas como algo que aponta para o novo, para fazer do tropeço o girar da dança, do medo que tanto pode paralisar, uma escada, que para mim sempre remete a lugares mais altos, e o sono, que traz consigo o sonho, que nos permite um mergulho nas profundezas daquilo que não sabemos, mas que está em nós só esperando para ser consciente.
Essa certeza me agradou, essa maneira de ver a certeza me levou a pensar nos encontros possíveis, tanto conosco, como com outras pessoas, outros lugares, outras posições, outras possibilidades.
ENCONTRO
Encontro é para mim sempre uma expectativa positiva, algo que pode ser realmente transformador, trazendo experiências únicas, como conhecer alguém que pode nos levar a eventos ou atividades que nunca consideraríamos, ampliando nossos horizontes. Eles, frequentemente, proporcionam novas perspectivas e experiências nunca imaginadas. Conversas com pessoas de diferentes lugares, situações, vivências e experiências podem nos desafiar e abrir a novas formas de pensar.
Conhecer alguém inesperado pode resultar em amizades profundas, mudança de carreira, ou até mesmo, um romance.
Mas, e os encontros conosco mesmo? São momentos de introspecção onde nos conectamos com nossos sentimentos, pensamentos e desejos mais profundos.
No Processo terapêutico os "encontros consigo mesmo" são fundamentais para o processo de autoconhecimento e cura. Esse conceito está relacionado à exploração do inconsciente, onde se busca entender desejos, medos e traumas que moldam nosso comportamento. São muitas vezes desafiadores, mas podem levar a um profundo crescimento pessoal e uma vida mais consciente e à resolução de conflitos.
O encontro conosco mesmo é o melhor encontro que podemos ter, e é ele que possibilita outros encontros genuínos e prazerosos.
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O novo nunca é o que será para sempre e o para sempre nunca será eterno - a vida é pura metamorfose.
Namastê!
Nos encontrar em e com nós mesmos, entender que um ciclo se encerra para que outro se estabeleça e aceitar os processos da metamorfose. Assim vamos vivendo, amadurecendo e aprendendo a gostar da vida! Amei o texto!