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COMO CENA DE DORAMA
Amo Dorama, mas não qualquer Dorama.
Gosto daquele em que há tanto amor doado, que as pessoas o classificam de bobinho.
Porque, na vida real, é imperdoável ser alguém que ama o outro simplesmente, por ele ser o outro e não aquele que gostariam que ele fosse.
Nesses Doramas o amor não pede explicação.
Ama-se, simplesmente, a essência do outro:
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I – Uma Noite de Primavera:
O garotinho de cinco anos, chega para o pai, que foi buscá-lo na escola e diz:
- Pai, o que é o amor?
- AMOR?!
- O amor parece tão difícil!
- Já se apaixonou?!
- Pela fulana da sala amarela.
- E o que ela sente? Ela ama você também?
- NÃO! Ela gosta de um menino mais velho da sala azul. Ele é alto e bonitão.
- Filho, você vai me desculpar, mas não consegue gostar de outra garota?
- Não funciona assim. Hoje, eu caí no chão na frente dela, de propósito, porque fico feliz quando ela ri...
- MINHA NOSSA! VOCÊ É MELHOR DO QUE EU!
II – Você é a Maior Alegria da Minha Vida
O empresário bem sucedido que nasceu para herdar e administrar a fortuna da família e que passou a vida inteira se condecorando, como um boneco estiloso na vida que está pronta para ele.
Num determinado dia, conhece uma garota esforçada que luta para melhorar as condições da família e que, também como ele, correu atrás de condecorações, porém, para que pudesse ter oportunidades na vida que não estava pronta para ela.
Quando eles se encontram... É encontro de Titãs!
Mas não de Titãs que brigam, mas que se doam. Que conhecem a força e o poder um do outro. Que se admiram e se amam numa doce relação que se estabelece, dentro de um sistema que não perdoa desobediência.
Não sei falar sobre essa forma de amar, pois não encontro palavras que codifiquem esse tipo de relação.
Mas há quem seja capaz de mostrar isso nos doramas – alguém capaz de criar uma narrativa sobre esse amor que é, sempre, uma conexão deliciosa que não duvida da própria força.
“Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo...”
Mario Quintana
Estava sentada na Praça Nova, no Centro de Bilbau / Espanha, quando presenciei uma cena sobre esse amor que tanto desejo alcançar:
Um morador de rua ali estava, quando chegou uma senhora de cabelos brancos com sacolas, sentou ao lado dele e com muita ternura, beijou seu rosto. Começou a conversar com ele que nada respondia. Entregou roupas limpas, cobertor, uma marmita e pediu para que ele comesse, enquanto ficou ao seu lado contando histórias. Ele terminou, ela recolheu a marmita, colocou o rosto dele entre as mãos, beijou e novamente beijou, enquanto ele só permitia. Ela se despediu como alguém que voltaria no dia seguinte. Ele esperou que ela se distanciasse, levantou silenciosamente e seguiu no sentido contrário.
Enternecida, fiquei tentando imaginar quem era aquele moço para aquela senhora que o amava e, só por ele permitir ser amado, bastava.
Uma cena de Dorama num país Vasco.
No meu novo estágio de vida, caminho como alguém que aprendeu a amparar o vento.
Como alguém que percebe ser a própria moradia, porque na atemporalidade, as portas e janelas não são minhas.
A residência que tenho é a que sempre foi minha, o meu corpo caminhando por este Planeta tão lindo, tão livre!
Onde tudo pode se manifestar, ou não, na vida dentro ou fora de mim.
“...Apesar dessa incrível sensação de fragilidade que nos acompanha.”
Lya Luft
E nesse estágio “Tudo Temporariamente” aconteceu cruzar com uma obra da CEMIG - uma Estação de Energia que garantiria mais estabilidade na região onde, frequentemente, acontecia pico de energia.
Uma obra cheia de homens que, sob um Sol escaldante, o dia inteiro, trabalhavam para garantir eletricidade para milhões de pessoas, como eu, que confortavelmente só desfrutariam...
Passava pela obra, chegava em casa, ligava ventilador, ligava o som, carregava celular...
Enquanto tantos outros aparelhos permaneciam na tomada, dependendo daqueles homens para garantir corrente elétrica na fiação.
Passava olhando para eles, sem que soubessem, o quanto eu reconhecia e era grata por aquele suado trabalho deles.
Um dia, cruzei com um moço de camisa social azul clara e seu capacete branco. Sem saber explicar o motivo, ele chamou minha atenção.
Entre tantos outros funcionários dessa obra, aquele moço alto, magro que andava como alguém que conta passos… Chamou minha atenção.
Nos cruzamos e nos vimos em vários momentos.
E coisas interessantes, coisas de Dorama, começaram a acontecer:
Vinha eu descendo a avenida, ele subindo de cabeça baixa e a sensação que ficou foi de que “somente eu vi.”
Vinha eu pela avenida, quase aproximando do portão de entrada da obra, ele saiu de cabeça baixa e, no momento em que cruzaríamos, ele passou por detrás do caminhão estacionado e a minha sensação foi a de que “somente eu vi”, assim como em outro momento, eu descendo a avenida, ele atravessando, entrou na cabine da obra...
Um dia, eu descia a avenida do lado esquerdo. Ele descia do lado direito e, durante um tempo, caminhamos paralelamente e ele sabia.
Período de chuva se aproximou e eles começaram a trabalhar final de semana, adiantando a obra. No sábado, sai sem esperar cruzar com ele...
De repente, ele vem subindo e eu descendo. Passamos lado a lado. E sem ter como explicar, eu senti que era para ele, também, um prazer cruzar comigo.
Coisas de Dorama!
Um outro momento, passando pelo portão da obra, bem no centro ele estava com as mãos no bolso, com a cabeça baixa e o olhar no vazio e então passei novamente com a sensação de que “somente eu vi”.
Um outro dia, a chuva me pegou no meio do caminho, abri a sombrinha, todo mundo corria buscando abrigo e quase nos esbarramos… A sobrinha inclinou para o lado e houve troca de olhares...
De acordo com os doramas, nunca encontramos com uma pessoa pela primeira vez, as pessoas se cruzam em vários momentos da vida até o dia em que o encontro se dá como se fosse pela primeira vez.
Ou, então, somente um dos lados sabe sobre a existência do outro e aguarda, como quem sabe aguardar, o momento propício para o encontro.
Se a vida pode ser ficção ou ficção pode ser vida...Cabe a você escolher sua opção.
“[...] existe um mundo infinito de interpretações diferentes, de mundos completamente diferentes, tudo dependendo do que a consciência percebe. Cada ser é um ponto focal da consciência e cada ponto focal cria seu próprio mundo, embora todos esses mundos se interliguem. Existe um mundo humano, um mundo das formigas, um mundo dos golfinhos [...]
Mas o que quer que você perceba é somente uma espécie de símbolo, como uma imagem em um sonho. É o jeito pelo qual a sua consciência interpreta a dança de energia molecular do universo.” - O Poder do Agora / Eckhart Tolle
Gratidão para esse moço de camisa social azul clara e seu sempre capacete branco que, durante um tempo, gostosamente, cruzou meu caminho.
E basta!
Porque é gostoso
“Falar da cor dos temporais
Do céu azul, das flores de abril
Pensar além do bem e do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu...”
Milton Nascimento
NAMASTÊ!
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9 comentarios
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Seus textos são terapéuticos.Você podia dar palestra.Leio e releio.
Beth que lindooo! Estou lendooo! Parabéns!
Que legal!
Isto é muito você mesmo!!
Beth,que lindo o seu texto!Que linda a sua experiência com o rapaz de camisa azul e o capacete branco.Como você disse: no dorama encontramos o amor que não exige nada do outro.
Desde o dia em que você me indicou dorama nunca mais deixei de assistir!Amo!
No seu texto me encontrei na sutileza da arte da sedução delicada,sutil!
Seu texto é lindo!
Acabei de ler e me inscrever!
Fofinho demais o diálogo do pai/filho.Me identifiquei com "coisas de dorama",inclusive existe uma teoria de que estamos entre 5 ou 6 graus de conexão com qualquer pessoa do mundo todo.Acho isso interessante.