CORAÇÃO

Ter um coração que sente, é uma característica com a qual, alguns de nós devem conviver, com mais intensidade. Não se trata de algo comum a todas as pessoas. Alguns, simplesmente não sentem, ou sentem menos. E está tudo certo.

Cada pessoa traz em si características próprias. E, acho que já comentei em alguns dos meus textos, o quanto isso é magnífico, sob o meu olhar. Em geral, as diferenças são detalhes que me fascinam. Gosto de observar o que as pessoas são, como se comportam, e levar em conta o que as conduziu àquele ponto da existência. Porque pensam como pensam, agem como agem, dizem o que dizem. Até o que não dizem, me comunica algo.

Ser uma pessoa constantemente acometida pelo encantamento gerado pelo encontro com a essência das pessoas, nem sempre é fácil. Conecto-me com facilidade ao que as pessoas têm de mais bonito, porque, de alguma forma consigo ver além do que elas mostram. E, algo dentro de mim, escolhe ressaltar a parte boa de cada um.

Antes que você já julgue, esclareço que não se trata de uma visão “romântica” da vida (embora eu já tenha acreditado nisso). Não enxergo a vida através de um prisma colorido, com unicórnios falantes e uma estrada dourada, que leva a lugar algum. Posso dizer que existem no mínimo duas realidades sobre a mesma pessoa. Podemos ser isso e aquilo, durante a mesma existência. A predominância nasce no que fortalecemos.

Quantas vezes, na vida, ouço das pessoas a pergunta: —Como você consegue enxergar em mim o que eu mesma não vejo? Respondo que não sei bem ao certo, mas talvez seja, em parte, o anseio que levo em mim por acreditar no bem de cada um. E, talvez, seja a minha forma de crer que ainda exista muito do BEM no mundo. Ou, talvez, seja só a sua parte boa conversando com a minha.

Fato é, que nem sempre a parte boa de uma pessoa é a predominante. Ou, a minha, predomina naquele momento. Isso ocasiona encontros que podem ser bem desastrosos, dados os conflitos que isso gera. Ter sensibilidade suficiente para entender os processos de cada pessoa, faz bastante sentido, nesse momento.

Convivências humanas podem ser muito desafiadoras, porque sempre há o risco de decepções, frustrações, desentendimentos, e por aí vai. Risco que só corremos se nos dispomos a nos relacionar. Pessoas de todas as formas, costumes e caracteres atravessam nosso caminho, seja para nos inspirar a como deveríamos ser, ou a como não deveríamos.

Contudo, pessoas podem nos surpreender demasiadamente. Mãos de quem nunca imaginávamos, por exemplo, podem ser estendidas em nosso auxílio, de forma tão maravilhosa, que podem nos quebrantar o coração endurecido. Palavras vindas no momento certo, podem nos trazer a luz que precisamos naquele instante. Abraços acolhedores podem recolocar os nossos ossos no lugar. Sorrisos podem nos alegrar a alma. Gestos de amor podem reestruturar uma vida.

Diante disso, eu pergunto: Será que realmente valeria à pena a disposição que nos permite o relacionamento com outros serem humanos, apesar dos riscos envolvidos?

Como disse antes, nem sempre a porcentagem de bem que existe na pessoa, predomina. Mas tudo traz uma inspiração. E, talvez, seja um bom momento para refletir sobre isso.

A gente sempre espera que ares de felicidade soprem em nossa direção, e podemos colocar a nossa esperança no que escolhermos acreditar. Importante é saber que é preciso ter no que acreditar, ter no que focar nossa esperança.

Eu? Prefiro crer que o bem que um dia foi acrescentado à sua essência, em algum momento, prevalecerá. E que, neste dia, você conseguirá enxergar em si o que eu vejo, agora.

Com amor.

Até a próxima!