DA SOLIDÃO... À SOLITUDE
Final de ano, e ouvimos tantas pessoas dizendo que detestam essa época, que não há nada mais chato que ficar desejando boas festas e feliz ano novo.
“Que falsidade”, dizia uma paciente, relatando que em sua família só tem brigas e chegando o Natal, tem que reunir e fingir que está tudo bem... “sempre termina é em briga e ofensas, queria dormir e só acordar no ano que vem... e continuar vivendo minha solidão”.
Essa é uma fala recorrente que escuto em vários ambientes, uma dissociação entre o glamour dos enfeites de lojas, shoppings e da própria cidade; é o sentimento de tristeza que muitas pessoas experimentam, mesmo tendo família e amigos, se sentem desconectadas e tristes. “... a minha tristeza nesta época é maior ainda” dizia um homem que se vê obrigado a participar de festas, encontros e tantas comemorações em vários âmbitos como família, escola e trabalho, sem que, em nenhum desses, se sinta parte, se sinta acolhido.
O VAZIO EXISTENCIAL
Quando sentimos solidão, estamos distantes é de nós mesmos, totalmente desconectados de nossa essência, de nossa identidade. Neste mundo de performance, estamos sempre buscando atender às demandas dos outros, agradá-los, para sermos amados. Nascemos com a necessidade fundamental de pertencer e fazer parte de algo. Precisamos nos sentir conectados emocionalmente e fisicamente a outras pessoas. Precisamos amar e ser amados. Precisamos de um contato constante e real para que essa necessidade seja sanada.
Segundo Henri Nouwen, teólogo e escritor holandês, a solidão é uma das fontes mais universais de sofrimento humano; suas raízes alimentam-se da suspeita de que não há ninguém que se importe; que não há amor incondicional, que não existe lugar onde possamos ser vulneráveis sem que sejamos usados; as pequenas rejeições de todo dia despertam nosso medo básico de sermos deixados completamente sozinhos.
Estamos na maior parte do tempo a um clique de distância das pessoas que amamos, mesmo quando não é possível estar junto presencialmente, mas ainda assim, ter todos os recursos não tem sido suficiente para preencher certo vazio existencial que existe dentro de alguns de nós. Assim, no século em que a tecnologia e comunicações estão tão avançadas, nos sentimos cada vez mais sós.
Sofremos de solidão toda vez que desprezamos as inerentes vocações e naturais tendências de nossa alma. Assim que nos distanciamos do que realmente somos, criamos um autodesprezo, passando, a partir daí, a desenvolver um sentimento de soledad, mesmo rodeados das pessoas mais importantes e queridas de nossa vida.” (HAMMED. As Dores da Alma, lição “Solidão”, 1º capítulo.)
A SOLITUDE
Mas a solidão nem sempre é negativa – a solidão pode ser um tempo de preparação para algo novo, um tempo para olharmos para dentro de nós e descobrir que está em nós o que mais precisamos. Trazemos em nós a chave que nos escraviza e a que nos liberta... Quando não precisamos buscar válvulas de escape para evitar ficar na própria companhia, a solidão é saudável, é a SOLITUDE, e serve ao autoconhecimento e ao crescimento pessoal. É uma vivência que favorece a contemplação, a criatividade e a inovação.
Mergulhar na solitude significa estar bem e em paz com a própria vida. É o momento para se fazer observações pessoais a fim de alcançar crescimento. Não existe a dor de estar sozinho, porque você está muito bem acompanhado de si próprio... E de DEUS!
Na disciplina da solitude nos isolamos das pessoas por um momento, não por sermos antissociais, mas por amá-las, para que quando estivermos com elas possamos fazer-lhes bem e não mal. Thomas Merton disse que “é na profunda solitude que encontro a ternura com a qual posso realmente amar meus irmãos. (…)
A partir da solitude vem a descoberta do seu propósito, do seu objetivo, O Sentido da Vida, mas essa é uma história para outro dia.
Te desejo um ano novo de muitas descobertas sobre você, que sejas seu melhor amigo para poder realmente desfrutar da companhia de outras pessoas e fazerem trocas genuínas e prazerosas.
Feliz ANO NOVO!! FELIZ VOCÊ NOVO!!!
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