ENTRE PÁGINAS E TELAS

Desde que me entendo por gente, os livros sempre tiveram um lugar especial na minha vida. Aprendi a ler aos 5 anos, estimulada por meu pai, um leitor voraz. Através da leitura, vivo aventuras intermináveis, explorando mundos desconhecidos e conhecendo personagens que se tornam meus confidentes silenciosos. A cada virada de página, descubro um novo universo, e o fascínio das palavras me envolve como um abraço caloroso.

À medida que cresci, descobri também a magia das telas, e novas perspectivas começaram a brotar dentro de mim. Foi como se as histórias ganhassem vida própria, alimentando minha criatividade e despertando possibilidades infinitas. Cada cena, cada diálogo, ecoava dentro de mim, desencadeando um turbilhão de emoções e reflexões. A imagem, o movimento e o som são habitualmente considerados elementos inerentes ao cinema. Entretanto, mesmo antes do surgimento dos meios tecnológicos que possibilitaram a existência do filme, tais elementos já integravam o fenômeno literário, graças à capacidade da linguagem em descrever e sugerir aspectos que tocam a sensibilidade e acionam os mecanismos de nossa imaginação. Conforme nos alerta o escritor italiano Ítalo Calvino, "No cinema, a imagem que vemos na tela também passou por um texto escrito, foi primeiro ‘vista’ mentalmente por um diretor, em seguida reconstruída em sua corporeidade num set para ser finalmente fixada em fotogramas de um filme. Ou seja, entre a superfície em branco da página e o espaço vazio da tela há laços mais estreitos do que muitas vezes nos é dado suspeitar à primeira vista".

Resultado de tudo isso? Tornei-me apaixonada por histórias em todas as suas formas. Percebi que não só os livros, mas os filmes e, mais recentemente, as séries, não são apenas entretenimento, mas também uma fonte infinita de aprendizado. Os roteiros complexos, os diálogos envolventes e as reviravoltas surpreendentes são como lições de escrita disfarçadas de passatempo. Ao observar cada cena, absorvo nuances de desenvolvimento de personagens e construção de enredos, incorporando esses elementos ao meu próprio processo criativo. 

Assim, vejo-me numa jornada emocionante, onde os livros continuam a ser minha fonte primordial de inspiração, mas as telas se tornaram meus aliados na busca pela excelência narrativa. Enquanto devoro páginas de livros de assuntos diversos, entre eles alguns romances épicos, assisto a filmes/séries que me transportam para terras distantes e exploram os recantos mais profundos da psique humana. 

Percebo, com isso, que minha escrita floresceu de uma maneira que nem imaginava possível. Sinto, de forma clara, a aplicação do verso bíblico que está no livro de Provérbios 4:7 que diz: “O conselho da sabedoria é: Procure obter sabedoria; use tudo o que você possui para adquirir conhecimento.”

Os mundos que crio ganharam uma nova dimensão, repletos de camadas de complexidade e nuances voltados para uma maior compreensão da natureza humana. Cada história que conto de forma escrita é uma homenagem aos mestres que vieram antes de mim, aos autores que me inspiram e às telas que me abrem os olhos e a sensibilidade.

E assim, entre páginas e telas, encontro, todos os dias, meu caminho como escritora. Uma jornada que começou com a paixão pelos livros, mas que se expandiu para abraçar todas as formas de narrativa. Pois, no fim das contas, o que importa não é o meio pelo qual as histórias são contadas, mas sim, a magia que elas despertam em nossos corações e mentes. Concorda?

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