ERA UMA VEZ..

Era uma vez, uma mulher de 60 anos, uma profissional respeitada e admirada por todos ao seu redor. Sua vida conjugal ou familiar pouco importava quando ela entrava em uma sala. O que se destacava era sua presença firme e cheia de vida, que carregava a força de alguém que havia enfrentado desafios pessoais e profissionais, sempre sustentada pela fé. Cristã convicta, seus princípios não a limitavam, mas a impulsionavam. Era sua fé que a movia a sempre buscar mais — mais de Deus, mais da vida, mais de si mesma.

Ela acreditava que a vida após os 50/60 não era um declínio, mas um novo começo, uma oportunidade de florescer novamente, de desafiar o que o mundo dizia sobre envelhecer, e, principalmente, sobre ser mulher. Em uma tarde ensolarada de outono, essa visão se cristalizou. A brisa suave que entrava pela sacada de seu apartamento trouxe uma sensação de renovação. Sentada ali, observando as folhas caindo, decidiu que era hora de mudar seu destino, de se lançar em um projeto que desafiava tudo o que já havia feito até então. Sentia que esse novo passo, embora um recomeço, era também a continuação de algo profundo que sempre habitou dentro dela: o desejo de viver plenamente.

Nos últimos anos, ela havia se envolvido em grandes projetos corporativos, liderado equipes e influenciado decisões estratégicas. O sucesso era visível. Mas naquela tarde, uma inquietação invadiu seu coração. Apesar de tudo o que havia conquistado, sabia que seu chamado ia além da carreira. Havia um propósito mais profundo, um chamado divino que ainda não tinha sido completamente explorado.

O toque do telefone interrompeu seus pensamentos. Era uma amiga de longa data, outra mulher cheia de vida. Elas se conheciam desde os tempos de faculdade. Suas trajetórias haviam sido diferentes, mas compartilhavam uma admiração mútua e um laço que as mantinha conectadas.

— Oi! Você não vai acreditar! — disse a amiga, com a voz cheia de entusiasmo. — Lembra daquele projeto que sempre falávamos? Aquele sobre ajudar mulheres a se reerguerem depois dos 40/50/60? Acho que a hora de fazer acontecer é agora!

Ela sorriu, sentindo que o momento finalmente havia chegado. Esse projeto sempre foi tema de conversa, mas nunca fora além disso. "Talvez agora seja o momento", pensou.

— Amiga, você leu meus pensamentos. Estava aqui refletindo justamente sobre isso. Acho que precisamos reunir um grupo e começar. Sem mais adiamentos.

A decisão foi tomada naquele instante, em uma conversa simples, mas cheia de significado. Ambas sabiam que estavam prestes a iniciar algo que transformaria não apenas suas próprias vidas, mas também a de muitas outras mulheres ao redor delas.

O ano era 2019 e o projeto que estava nascendo chamava-se De Mulher para Mulher. Ele havia surgido de conversas casuais sobre como impactar a vida de outras mulheres, mas agora ganhava vida. O propósito era claro: ajudar mulheres em diferentes fases da vida, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. O foco era desenvolver a inteligência emocional, física e espiritual dessas mulheres, ajudando-as a redescobrir seu valor, sua fé e seus talentos.

Nos dias que se seguiram, as duas trabalharam sem descanso, utilizando suas redes de contatos e experiência profissional para estruturar o projeto. Planejaram encontros onde as mulheres poderiam aprender a gerenciar suas emoções, reconhecer suas forças, e cuidar do corpo como templo de Deus. A fé seria o alicerce para superar os desafios, e cada encontro teria momentos de reflexão e oração. Não importava se a mulher estivesse iniciando um novo capítulo de vida, enfrentando uma crise pessoal ou tentando se reerguer após um período difícil. O projeto teria algo para todas.

O primeiro encontro foi agendado para um sábado de manhã, em um espaço acolhedor. Cadeiras dispostas em círculo, uma mesa cheia de flores e chás davam boas-vindas às participantes. Mulheres de todas as idades começaram a chegar, algumas hesitantes, outras cheias de expectativas. Ela e a amiga recepcionaram cada uma com um abraço caloroso. As histórias eram tão variadas quanto as mulheres presentes: havia avós que cuidavam de netos, profissionais à beira do esgotamento, mulheres desiludidas e solteiras redescobrindo seu valor.

Quando a sala estava cheia, ela se levantou. Ao observar aquelas mulheres reunidas, sentiu um profundo senso de missão. Deus tinha um plano para cada uma delas, e ela estava ali como uma facilitadora desse propósito. Com voz calma, mas cheia de determinação, começou a falar:

— "Bem-vindas ao De Mulher para Mulher. Hoje, iniciamos juntas uma jornada de autoconhecimento, fé e crescimento. Vamos trabalhar não só a nossa mente e o nosso corpo, mas também o nosso espírito. Aqui, vocês não estão sozinhas. Vamos nos fortalecer, desafiar limites e, com a graça de Deus, florescer em todas as áreas da nossa vida."

Enquanto dizia essas palavras, um versículo que sempre a inspirou veio à mente, refletindo exatamente o que sentia naquele momento:

"Os que confiam no Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão" (Isaías 40:31).

Ela sabia que cada uma daquelas mulheres, através da fé, poderia renovar suas forças e alcançar novos voos. As mulheres a ouviram com os olhos brilhando, e, pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu que estava exatamente onde deveria estar. Esse era o recomeço que tanto desejava — não apenas para ela, mas para todas aquelas mulheres.

E, de alguma forma, ela sabia que nesta jornada, muitas outras mulheres se uniriam, e o projeto só cresceria. E assim está sendo.

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