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ESTAR E SER

Foto do escritor: JEFFERSON LIMAJEFFERSON LIMA

“Não adianta ter mestrado ou doutorado e não cumprimentar o porteiro. Seja humano!”


Já faz alguns anos que essa frase vem circulando no Facebook, no Instagram, no WhatsApp e, por fim, invadiu o LinkedIn, que, nos últimos tempos, se "facebookeou" – mas isso é assunto para outro texto. O que me traz aqui é o impacto que tal verdade tem causado nestes tempos de superficialidades.


Outra frase famosa, atribuída ao imperador romano Júlio César, diz que: “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita. À mulher de César não basta ser honesta; deve parecer honesta.” No entanto, algumas atitudes parecem nos direcionar para o princípio inverso: “não é necessário ser; basta parecer.”


Durante algum tempo, trabalhei em um escritório onde um dos funcionários era bastante discreto e retraído em relação à equipe. Atendia a todos quando solicitado, mas com um tom que parecia dizer: “Só isso, né?”, o que já contribuía para afastar as pessoas. No mais, ficava no seu canto, fazendo o seu trabalho sem maiores interações. Chegava sem dar bom dia, saía sem se despedir e tratava os assuntos inevitáveis do trabalho sempre de forma protocolar. Tudo bem, afinal de contas, há pessoas introvertidas, melancólicas, e estas devem ser respeitadas na sua individualidade.


Porém, bastava que, ao transitar pelos corredores, encontrasse alguma funcionária responsável pela limpeza do escritório, para que o leque do pavão se abrisse vistoso. Eram tantas mesuras e salamaleques ao cumprimentar a funcionária, que a coitada se sentia encabulada e intimidada. Todos no escritório podiam ouvir a voz do sujeito, não importava o quão distante ele estivesse das baias de trabalho. A ele importava parecer um cara legal. Fazia questão de ser visto como alguém que trata bem os mais humildes, que tem deferência pelas pessoas.


E, de tanto observar o comportamento humano, num eterno aprendizado de “como não ser,” passei a desconfiar das pessoas que usam muitos adjetivos, que tratam os outros por vocativos como “meu amigo,” “meu querido,” “meu chegado” e por aí vai. Quando sou tratado assim, sinto arrepios até nos pelos da testa.


Essa é uma atitude quase caricata, porém real, de alguém que quer se vender, se mostrar de uma forma que não condiz com sua essência.


Algo aqui te lembra a parábola do fariseu e do publicano, contada nos Evangelhos? Qualquer semelhança é mera coincidência. Ou não!


O chamado aqui é para que possamos refletir se as nossas ações condizem com a essência que trazemos. Qual é a nossa verdade? Até onde somos sinceros e quando derrapamos na ânsia de impressionar? Estamos fazendo parecer o que realmente somos ou apenas embalando, em papéis bonitos, um monte de nada?


Acabo de me lembrar de uma canção do Itamar Assumpção, que indico ouvir no belo dueto de Zélia Duncan e Martinho da Vila...


“É de estarrecer...estar e ser em inglês é a mesma coisa, assim como você pode ser e não estar você pode estar e não ser...estar e ser parece a mesma coisa, mas não é.”





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10 Comments

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Beto Nicou
Beto Nicou
há 3 dias
Rated 5 out of 5 stars.

Jefferson, seu texto é um baita lembrete da importância de ser autêntico e verdadeiro. Em um mundo onde 'parecer' é mais valorizado do que 'ser', suas palavras nos fazem pensar sobre quem realmente somos. Às vezes, mais é menos, e vice-versa. Ao refletirmos sobre a essência das nossas ações, é importante lembrar que suposições podem ser perigosas e levar a conclusões erradas. Que possamos sempre buscar a verdade nas nossas interações. Valeu por compartilhar essa reflexão tão necessária! Bendita Existência!

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Jefferson Lima
Jefferson Lima
há 3 dias
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Obrigado pela leitura atenta, meu amigo! Que a autenticidade seja a nossa busca diária, nesse aprimoramento constante enquanto seres humanos. Abração!

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Maria Pupa
há 5 dias
Rated 5 out of 5 stars.

Parabéns pela ousadia de trazer esta reflexão sobre a maneira de lidar com o outro. Respeito é fundamental

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Jefferson Lima
Jefferson Lima
há 5 dias
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Pupa, fundamental e, infelizmente, anda tão em falta! Não podemos deixar de chamar a atenção para isto!

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Guest
há 5 dias
Rated 5 out of 5 stars.

Jefferson sempre nos encanta com sua escrita e nos traz reflexões: como nós humanos somos contraditórios. Eu me lembro de a minha avó falando fulano é soberbo, quando era de pouca conversa com os colegas. Ou então aquele ali come couve e arrota lombo, quando queria aparecer o que não era. Somos uma caixinha de inesgotável surpresa. Parabéns, Jefferson.

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Jefferson Lima
Jefferson Lima
há 5 dias
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Conheço bem essas expressões, minha mãe também as usa! O ser humano e suas condições...

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Guest
há 5 dias
Rated 5 out of 5 stars.

Vivemos sobre o domínio da Arte da Sedução, enquanto vamos perdendo o real sentido das coisas…

Namastê!

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Jefferson Lima
Jefferson Lima
há 5 dias
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Triste constatação da realidade, Beth! Uma pena que seja assim...

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RUBIA ARCE Admin Blog
RUBIA ARCE Admin Blog
há 6 dias
Rated 5 out of 5 stars.

O encontro com a verdade que há em nós é essencial para acessarmos um tipo de paz genuína, aquela paz que vem de dentro. E está intimamente ligado à coerência entre o que somos e o que demonstramos ser. Acredito que seja preciso assumirmos papéis diferentes para atuar em cada vertente da nossa existência, mas existe aquela essência que está no centro de tudo que somos, expressa nos valores que acreditamos, e isso deve permanecer inalterado.

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Jefferson Lima
Jefferson Lima
há 5 dias
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Perfeito, Rúbia! As máscaras que escondem o que realmente somos são frágeis e desmancham muito rápido. Nada melhor como sermos coerentes com a nossa essência.

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