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EU ME LEMBRO DE VOCÊ - CAPÍTULO VII │PARTE 10

Foto do escritor: DIDI ANDRADEDIDI ANDRADE

Quando eu te vir de novo;

Te prometo que vou te receber com todo o meu ser.

Quanto eu te vir de novo;

Te juro que vou contar tudo o que aconteceu, depois.

Quando eu te vir de novo…

Eu vou te perguntar o porquê.


Canarinho morava em uma toca tão triste quanto ele.


Era uma toca tão pequena e simples quanto as outras ao redor, feita de madeira* e lama. Era uma das áreas mais pobres da cidade, e quando digo isso, quero dizer que era muito diferente, por exemplo, da área em que a grande torre torta ficava.


Lá, as tocas eram todas imponentes, cobertas por telhados* vermelhos e paredes altíssimas de pedra que realmente custavam alguma escalada para chegar ao topo. Os caminhos por onde os humanos e suas carroças ou carruagens* passavam também eram todos incrustados com pedras.


No lugar de Canarinho, as minúsculas toquinhas pareciam poder ser derrubadas com o vento. Os caminhos também eram de terra e cheios de sujeiras humanas.


Eu seguia na frente, voltando para ver onde estava indo.

Canarinho cambaleou enquanto andava. E quando me espantar com a mão pareceu não surtir efeito, ele decidiu me ignorar.


Finalmente, quando chegamos à "casa" dele, ele tentou fechar a porta na minha cara para que eu não entrasse, mas eu o fiz pela janela.


Também era bem simples lá dentro. Uma cama fina, um recipiente redondo e outro quadrado para guardar coisas, um fogão* de barro e recipientes de comida quebrados.


Canarinho se jogou na cama dele, me encarando atordoado por instantes antes de cair no sono novamente.


Saí de minha posição observadora na janela e entrei na toca dele.


Não parecia ter sido limpa a algum tempo, estava tudo bagunçado. Roupas de cheiro azedo se acumulavam em um canto e mais comida de também cheiro azedo se juntava no lado oposto.


Havia sinais de rondas de alguns ratos, mas eu os caçaria logo.


Depois de revistar o pouco que tinha para ver, cheguei à conclusão de que aquela era uma péssima toca para se viver. Se era para eu viver ali, então eu, sinceramente, teria que fazer alguma coisa sobre aqueles cheiros terríveis, para começar.


Juntei todas as roupas e fiz um enorme esforço para jogá-las pela janela. Foi bem difícil em relação à comida, estava nojenta*, mas também a joguei, junto com todos os recipientes que ela estava.


Com isso, o lugar pareceu menos pior, pelo menos.

Fiz questão de me dar um longo banho depois que limpei aquilo tudo.


A última grande porcaria que restava na minha nova toca era Canarinho, imundo com seu cheiro de álcool e de detritos… mas, não é como seu pudesse jogá-lo pela janela, também. Não como a grande torre torta deve ter feito, veja como ele ficou.


Felizmente, embora o ninho* fosse pequeno, ainda havia uma parte que Canarinho não tinha poluído com a sua imundície. Mesmo que fosse do meu desejo descartar aquele ninho e fazer outro, infelizmente, ele era grande e pesado demais e Canarinho estava nele.


Deitei-me naquela parte não tão suja, e adormeci junto àquele pobre pássaro bêbado.


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Madeira: Como humanos chamam o corpo de árvores mortas por eles. Eles adoram usar madeira para construir coisas.


Telhado: A parte de cima das tocas humanas.


Carruagem: Meio em que humanos se movem além de apenas andar. É uma grande coisa quadrada, puxada por um animal grande e quadrúpede chamado cavalo. Os humanos ficam dentro da coisa quadrada.


Fogão: Tem, surpreendentemente, o terror do fogo dentro. Humanos o usam para preparar o que comem.


Nojo: Um sentimento tão profundo de desprezo para com algo, que você acha repulsivo até tocar.


Ninho: Onde você dorme.


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1 Comment

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Guest
Jun 15, 2023

Coitado do Canarinho!

Embora uma coisa ele já tenha conseguido: um parceiro.

Namastê!

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