top of page
Blogs.png
Buscar

EU ME LEMBRO DE VOCÊ - CAPÍTULO XII - PARTE 1

Foto do escritor: DIDI ANDRADEDIDI ANDRADE

Minha natural reação após tão terrível pressentimento foi, naturalmente, ficar receoso.


Ao contrário do que Canarinho queria, não corri até ele, pulei na beira da janela e o observei de lá.


Não que aquele humano tenha notado minha estranheza, ele parecia incapaz de notar muitas coisas, hoje em dia. 


Canarinho apenas ria, como a encarnação da felicidade.


Mas eu me sentia aterrorizado.


Meu coração ainda batia forte, desesperado contra meu peito, a adrenalina oferecendo uma tensão familiar em meus músculos. Fiquei parado, tenso, rígido e gelado, preparado para qualquer reação que fosse ao monstro que parecia estar lá dentro.


Eu não estou exagerando. 


Eu só senti essa sensação terrível duas vezes em toda a minha vida.  Uma, quando era um gatinho despreocupado e brincava ao relento. Não fossem as pedras que entrei, no último momento, já teria sido, há muito, levado nas garras de uma grande ave.


Na segunda, estava em um campo, caçava um coelho, perto de um bando de cavalos que, para mim, pareciam montanhas.  Nunca esquecerei como, de trás de mim, dentre a relva, saltou um animal, um felino, centenas de vezes maior do que eu, capaz de derrubar uma daquelas feras com um salto.


E foi isso que ela fez, matou sua presa diante de meus olhos horrorizados.


Naturalmente, me surpreendeu o fato de sentir tal sensação quando, obviamente, não havia predador algum dentro de nossa toca.


E, pra ser sincero, me assustou ainda mais.


Afinal, todo esse terror, toda essa tensão, todo esse péssimo pressentimento… me traziam um desagradável gostinho de morte.


Canarinho, finalmente, parou de comemorar quando percebeu minha anormalidade, melhor, quando me viu: encarando-o, pupilas retraídas, rígido, em uma janela sombria.


Ele tomou um susto, antes de tentar disfarçar:


– Ha… ha… o que você está fazendo aí, Sábia? - ele tocou sua cabeça, mas pude notar que sua mão tremeu - você não ouviu? Eu consegui!


Eu desejei profundamente que ele não tivesse conseguido.



Depois daquele dia, minha relação com Canarinho pareceu ter mudado.


Sua imagem, me trazia, constantemente, uma sensação azeda de ansiedade e mal estar. Eu não conseguia relaxar ao lado dele. Parecia impossível, inquietante, como se deitar em palheiros com agulhas.


E, aparentemente, a sensação era recíproca, já que o homem demonstrava equivalente desconforto todas as vezes que me via parado, o encarando incansavelmente.


A descoberta de Canarinho foi, de fato, horrendamente revolucionária.


De acordo com ele, há uma força que nos puxa de volta para baixo. É por isso que voltamos ao chão quando pulamos.


Então, como pássaros e até esquilos conseguem voar ou planar, enquanto torres se vêem plantadas ao chão?


Canarinho diz que essa “força” é equivalente à do objeto oposto. Uma torre de toneladas é puxada ao chão com a força de toneladas, uma ave de gramas é puxada com a força de gramas. Se ela bater as asas, ela vence essa força.


Naturalmente, é impossível para Canarinho criar asas que batam com a força de toneladas, mas,e se ele criasse um sistema que anulasse, até certo ponto, a força que puxava os objetos para baixo?


Então, definitivamente, aquele objeto voaria.






Não se esqueça de deixar um comentário, e seguir nossas redes sociais:






9 visualizações1 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo

1 Comment

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
Guest
May 15, 2024
Rated 5 out of 5 stars.

Então pintou um estranhamento entre o gato e o homem!Que rumo isso tomará?

Namastê!

Like
bottom of page