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EU ME LEMBRO DE VOCÊ - CAPÍTULO IX

Foto do escritor: DIDI ANDRADEDIDI ANDRADE
O choque foi grande demais.


“Acho que isso não está dando certo?!”


Canarinho, você está brincando com a minha cara né? Né????


Talvez porque eu realmente parecesse chocado, aquele humano pelo menos mostrou alguma expressão de vergonha. Desviando o olhar, Canarinho pigarreou, meio sem graça* apontando para os desenhos e rascunhos* por toda a nossa toca.



– Isso… Bem, é igual, sabe?


Sentado de frente para ele, abaixo a cabeça para ver as coisas que ele estava apontando.


Bem, não eram todos rabiscos e pássaros? 


Sempre foi muito igual pra mim.


Constatando que era apenas coisa da mente dele, ergo minha cabeça para olhá-lo criticamente.


Canarinho parecia estar desenvolvendo paranóia*, ultimamente.


Com um suspiro, Canarinho bagunçou o cabelo:


– O que diabos eu tô arrumando? - Ele resmungou, se levantando de minha frente e indo ficar emburrado* na cama.


Sinto meus bigodes se contraírem. Com um miado e um suspiro, vou até ele.


Talvez eu não devesse achá-lo paranóico… quero dizer: tem tratamento por aí, certo? Ouvi falar.


Canarinho me pega em seus braços e me abraça, fazendo um carinho em minha cabeça que me fez ronronar.


– Acho que o que eu estou tentando dizer é que está igual. Exatamente igual a tudo o que eu pesquisei e debati antes. - Ele me dá beijinhos*, mio feliz. - Não tem nada de novo, Sabiá. - Ele suspira - Como vamos provar o quanto eu sou incrível se não renovarmos?


Olho pra ele.


Na verdade, agora eu entendi. Já o expulsaram com tudo o que ele tinha feito antes, então claro que não vão ouvir se ele chegasse falando as mesmas coisas.


Mas, o assunto aqui não é provar?


Conseguir fazer um humano voar não é renovar o suficiente?


Eu, verdadeiramente, fiquei chocado novamente com essa espécie, embora… - Semicerro meus olhos em contentamento enquanto recebia os cafunés de Canarinho - a habilidade deles no carinho é louvável.


Canarinho suspirou:


– Eu pensei que, simplesmente, construir minha invenção e me jogar de um lugar alto na frente de todos e aí voar, seria incrível o suficiente, mas depois que refleti direito, isso ainda só, no máximo, encantaria o público. - Ele murmurou, enquanto amassava minhas patinhas - Não encantaria ninguém da Torre. - Seus olhos revelaram um traço de dor, por um momento - Aquele bando de velhos são orgulhosos demais pra assumir minha conquista mesmo se eu voar na cara deles. Talvez eu também impressionasse algum outro nobre, mas seria um caminho muito difícil.


– Miau? - Ei, pare de amassar minhas patas.


– Miau. - ????? Quê? - Exatamente, Sabiá, - Canarinho responde - se eu quiser fazê-los baixar aquelas cabeças de anta, tenho que inventar algo ainda mais incrível.


!!!!! 


Humano, larga as minhas patinhas!!


Ele me dá mais beijinhos:


– Então, Sabiá, - Havia um monte de sarcasmo na voz dele - O que você acha que é mais incrível do que humanos voando?


Você tomando banho por iniciativa própria… é incrível, também. 


Com um suspiro, Canarinho se joga contra a cama:


– Bando de cabeças duras! - Ele resmunga - se eu voar não é tão incrível então o que é? A Torre flutuando pelos céus??


Nessa hora, pude sentir, Canarinho congelou. Seus olhos se arregalaram, sua respiração congelou. Ele ficou tão animado que pulou da cama e eu tomei um susto tão grande que me joguei dele para o chão.


– É ISSO!!! - Ele berrou. - É ISSO SÁBIA!!! - Canarinho me pagou no colo novamente, praticamente me girando no ar - Eu voando não é incrível? Não tem problema! - os olhos dele brilhavam como estrelas. - Nós vamos fazer isso com a Torre!!



Bem, Canarinho estava paranóico novamente.


—-------------


Sem graça: Chamam assim quando um humano fica com falta de jeito em uma determinada situação. Envergonhado, sem saber o que fazer.


Desenhos e rascunhos: Uma estranha capacidade humana desde que tenham algo que possa riscar ou marcar alguma coisa. Geralmente fazem isso no que chamam de papel. Desenhos e rascunhos são os riscos no papel, às vezes podem parecer alguma coisa real, às vezes não. Varia de humano para humano.


Paranóia: Ver coisas onde não tem. Às vezes, quando humanos tem muito isso, podem ficar… estranhos.


Emburrado: Quando humanos fecham a expressão e ficam bravos e magoados em algum canto.


Beijinhos: Uma característica que humanos têm para demonstrar afeto. Diferente do resto da grande maioria dos animais, ao invés de lamber, os humanos encostam os lábios em seus queridos.





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1件のコメント

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ゲスト
2023年12月14日
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E entre paranoias,eles vão trocando afetos.

Namastê!

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