EU ME LEMBRO DE VOCÊ │ CAPÍTULO VII - PARTE 3
Um Tesouro em uma Árvore - Parte 3
“A Grande Torre Torta” era um nome mais digno.
Ao menos, se tornou quando descobri que “torre” era o nome dado àquele tipo de construção humana.
Mas, era realmente grande.
Tão grande, que nem mesmo eu, ou o mais valente dos gatos, teria coragem para escalar suas paredes – mesmo que isso nos aproximasse ainda mais do sol. E tão enorme, que era possível vê-la de quase todo o canto da cidade. A Torre Torta era tão alta, que até os pombos não alcançavam seu topo.
![](https://static.wixstatic.com/media/44bda1_9c6eb1cdf05b449c937cf2441c3ed1ef~mv2.png/v1/fill/w_980,h_715,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/44bda1_9c6eb1cdf05b449c937cf2441c3ed1ef~mv2.png)
E, naturalmente, tão torta, que chegava a se curvar, tombando em um nível tão assustador, – provavelmente outro motivo pelo qual não tive coragem de entrar – que, quando o vento batia, era possível ouvir o som agudo daquela coisa rangendo ecoando pela cidade - como uma árvore retorcida prestes a cair.
A Torre Torta também era velha e enegrecida, - o que mostrava a quão antiga era – repleta de escadas irregulares – curtas ou longas demais – que corriam ao redor do lado exterior da torre, a maioria, sabe-se a que distância do chão e cheia de janelas e vitrais – janelas cujo o vidro formava imagens coloridas.
Juro que na primeira vez que vi aquilo – junto com a quantidade de homens humanos que entravam e saíam – me perguntei o que se passava na cabeça da estranha criatura que é a humanidade. E depois fugi, tendo certeza que a coisa ia cair em breve.
Mas, não caiu.
Não naquele dia.
Ou no seguinte.
Nem nos incontáveis amanheceres depois daquele.
O que também foi outro susto enorme. Afinal, é consciência comum que qualquer árvore tombada – grande ou não – acaba caindo. Claro, não era uma árvore, era uma torre, mas sendo diferente ou não, as selvas de pedras dos humanos não são tão diferentes assim das de verdade. Coisas tombadas caem, todas as que eu vi antes caíram.
Mas aquela não.
E isso chamou a minha atenção.
Junto com a quantidade enorme de humanos que a frequentava quase todos os dias. Eles não tinham medo?
Não, aparentemente.
Na verdade, os que a viam pela primeira vez pareciam tão excitados que pulariam de pura animação.
Outro detalhe que percebi, era que além de todos – Com exceção de um ou dois – serem machos, estes usavam – sem exceção – a mesma pele, ou seja, as mesmas roupas.
Esses homens – de jovens a de meia idade - entravam na torre quando o sol saía, e iam e voltavam à medida que o dia avançava, só parando até muito depois que a Lua ultrapassou metade do céu. E aí, lentamente, a Grande Torre Torta apagaria suas inúmeras janelas uma a uma, até se tornar silenciosa como uma verdadeira árvore retorcida.
Além disso, esses humanos também eram muito animados.
Todos os dias, era possível ouvi-los em seus milhares de grupos, trios ou duplas, discutindo coisas que me pareciam muito confusas.
Falavam sobre um tal de Matemática.
Discutiam teorias ou outros humanos.
Debatiam sobre artes (uma coisa humana), músicas (aparentemente o piar dos passarinhos também pode ser considerado isso), escrituras (mais uma coisa humana) ... engenharia (outra coisa humana, que aparentemente envolve construir coisas como seus ninhos) ou invenções humanas (é como engenharia, mas eles constroem coisas diferentes de ninhos).
Antes que eu percebesse, observá-la dos telhados dos outros edifícios, ao menos uma vez por dia – em meus banhos de sol - havia se tornado parte da minha rotina.
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UAU!!!Que show!Que amadurecimento textual!
Você vai lonnnnge....nesse processo cada vez mais envolvente de, no papel,conseguir colocar o mundo que nos apaixona.
Namastê!
Um gato muito observador e esperto. ❤️👏👏👏👏👏