FRATERNO

Sentimento de harmonia e união entre aqueles que vivem em proximidade ou que lutam pela mesma causa.

Palavra linda da língua portuguesa, que tem por base a irmandade entre seres humanos. Aquela que geralmente nasce com o parentesco, como entre irmãos que foram criados juntos, e ensinados a se amarem e valorizarem, ou entre pessoas que se encontram pelos caminhos da vida.

Porém, o parentesco não seria garantia de fraternidade. Embora, minha experiência pessoal com meus irmãos seja incrível. São pessoas muito especiais, cada um à sua maneira. Mas, alguns irmãos “de sangue”, por exemplo, não se gostam ou se respeitam. Assim como, muitos amigos, sem laço consanguíneo, se amam. Será que faz alguma diferença ter nascido na mesma família? Provas de que o sentimento fraterno independe dos laços familiares, são as amizades. Amigos representam os irmãos que o percurso nos propicia e que terminamos por escolher para seguir juntos, de alguma forma partilhar a jornada.

Gosto da expressão “irmãos eleitos”. Basicamente, aqueles que nos mostraram lealdade em momentos mais difíceis, mas que, principalmente, conseguem aplaudir e se alegrar com nossos feitos e realizações. Mas, venho encontrando algo um pouco mais profundo do que isso: pessoas que, com seus gestos, consideração e exemplo, contribuem ativa e amorosamente para o nosso desenvolvimento como seres humanos.

Pessoas são como inspirações ambulantes. Elas podem ser lindas demais em essência, porque nasceram assim, ou porque aprenderam a ser. E, quando paramos para pensar por um instante sobre elas, nos deparamos com o imenso privilégio que temos em tê-las por perto. Elas chegam como um respiro em meio à dor. Ou, podem ser o olhar de aprovação e amor na plateia, que nos fortalece representando o incentivo para continuar. Elas podem ser o abraço fraterno que faltava, o “empurrãozinho” na hora certa, o lembrete constante do nosso valor. Elas podem nos acolher como somos, nos surpreender com afeto real.

Fato é, que cada pessoa tem um papel em nossa existência. Elas transitam como se flutuassem sobre nossos momentos, inevitavelmente, contribuindo para a formação do nosso existir.

Claro que não poderia excluir a existência daquelas que deixam um rastro obscuro ao atravessarem nosso caminho. Mas, não quero falar sobre isso, hoje.

Por hoje, quero oferecer a mim e a você, a oportunidade do regozijo de registrar e recordar o que é bom, o privilégio que temos na vida de experimentar momentos de alegria real, sem máscaras, sem dores ocultas, só com a leveza de ser e sentir. A beleza do encontro fraterno, regado a abraços sinceros, boa comida, risadas escandalosas e o mais evidente amor. Aqueles momentos em que deixamos todas as diferenças de lado e a felicidade se torna o prato principal. O que, na maioria das vezes, acontece sem que ao menos nos demos conta disso.

Quero nos proporcionar a delícia da lembrança generosa do afeto. Dessas gentilezas que vida nos cede sem avisos prévios, porque momentos bons também acontecem assim, inesperadamente, como uma luz que nos atravessa e nos deixa mais fortes, mais iluminados.

As festas de fim de ano são uma boa oportunidade de registrar com força esses sentimentos em nós. Se permitirmos, os encontros nos deixam marcas valiosas. Então, vamos combinar uma coisa? Um exercício simples de presença, que se serve dos sentidos para registrar: No decorrer de um dos momentos de festas que você irá participar nos próximos dias, seja em família ou entre amigos, lembre-se de parar por um instante, respirar bem fundo, fechar os olhos e se permitir sentir o momento. Ouça as vozes das pessoas, as risadas, o som da música que estiver tocando ao fundo, o barulho da chuva caindo (se for o caso). Sinta os perfumes que exalam da comida, das pessoas, do lugar. E repare como está se sentindo naquele momento. Quais emoções aquele momento te causa. Abra os olhos e olhe com vontade ao seu redor. Busque com o olhar generoso, cada detalhe do que te cerca, e registre em si a experiência do sentimento que te envolve.

Você poderá se surpreender!

Meus principais desejos para finalizar o ano de 2021 são que, você e eu, tenhamos a visão clara dos privilégios que compõem a nossa existência, encontrando-nos no olhar amoroso das pessoas que nos cercam e no nosso próprio olhar sobre a história que construímos. E que 2022 venha regado à beleza admirável da presença real de pessoas que compreendem, e saibam vivenciar o mais belo significado da palavra fraterno.

Com amor!

Até ano que vem!