JANELAS DO OUTRO LADO

BETH BRETAS

Então, elas se abriram para outras paisagens...

Um dia imaginadas, mas que ali, cara a cara, se tornaram tão reais.

Algo que ultrapassava o até então vivenciado, naqueles espaços onde a vida era tão grande e se revelava do jeito que eu acreditava, não do jeito inacreditável de acreditar.

Não era mais a sensação de que a possibilidade existia, porque ela era real e eu estava nela, estava debruçada sobre ela.

Não era mais a sensação de ser tudo tão surreal.

Era Sawubona!

“Eu te vejo! E ao te ver, te trago à existência.”

Não sei em que momento da minha vida criei o momento de estar na rodoviária de Madrid aguardando o ônibus para Toledo.

Mas, esse momento estava criado, em algum ponto do Universo, e preparado para ser vivido!

E ele foi além de tudo!

Foi uma viagem não simplesmente pela Europa, mas uma viagem por outras formas de viver, de estar neste Planeta tão lindo.

Tudo era um pulsar envolto ao olhar que não parava de se surpreender, entre os 19 destinos percorridos.

Destinos que me mostravam que tantas crenças em mim, eram puramente crenças e nada mais.

Era a constatação de que a vida é muito maior!

Que tudo é e pode ser mais bonito.

Tudo pode ser tão realizável quanto o coração liberto das coisas que um dia acreditamos por meio do discurso do outro – que não é nosso - e, portanto, não pode ser verdadeiro.

São discursos questionáveis, fecham outras janelas, anunciam tempestades que, às vezes, nunca chegam, mas que nos aprisionam em tudo aquilo que discursam para nós.

A vida não é um discurso, por mais bem intencionado que ele possa ser.

A vida é para ser vivida e entendida nas esquinas, nos espaços percorridos.

É para ser entendida como uma possibilidade de existir aquela esquina que poderá ser aquela que nos apontará tantas outras pelas quais, poderemos ou não passar, mas que descobrimos estar lá.

A vida não pode ser uma busca pela verdade. Ela precisa ser uma busca por possibilidades.

E esse Universo de possibilidades tão grande foi apresentado para mim e, hoje, por mais que eu abra as asas...

Permanece a sensação de que tudo é muito maior, porque minha experiência abriu janelas e derrubou paredes.

Vivi outra compreensão e constatei verdades não formuláveis – que se encaixam dentro de uma linha, inacreditavelmente, não questionável.

Acordei frente a outras janelas, dentre tantas outras janelas que ainda irei sonhar e depois de sonhar, irei abrir e, novamente, me deslumbrar.

Então, conheci, no ano 2022, a tênue linha que separa o sonho da realidade.

E fui além, muito além, de uma viagem idealizada, fiz uma viagem de forma inimaginável – que ultrapassa qualquer tentativa que eu possa recorrer para descrevê-la...

Porque as palavras podem conter significados que apontam uma experiência, mas não codificam o teor da mensagem.

“Não há espaço na inexistência para as coisas que existem.”

Fiz uma viagem de descobertas não formuláveis que enriquecem meu passado e me pontuam no tempo presente, no qual entendo: