NATAL SEM PAPAI NOEL

“Não existe o Natal ideal, só o Natal que você decida criar como reflexo de seus valores, desejos...e tradições.”

Bill McKibben

Na minha casa e na dos meus irmãos, a Árvore de Natal se enche de bolas, anjos, fitas e luzinhas, as portas recebem guirlandas, velas perfumadas vão para os castiçais, a flor do Natal – Bico-de-Papagaio – vira arranjo floral e muitos enfeites de Papai Noel se espalham pela casa, ornamentando lindamente o mês de dezembro.

Mas, era na casa dos nossos pais, que existia a tradição do Papai Noel e a ceia de Natal acontecia.

Tínhamos um amigo que, religiosamente, se fantasiava de Papai Noel e comparecia na noite natalina...

Mas teve o ano em que ele avisou que faltaria.

Mantivemos a notícia em segredo e combinamos com o meu pai, que por volta das 22h, ele entraria na sala e diria para as crianças:

- O Papai Noel passou mais cedo e deixou os presentes, caso ele não pudesse comparecer na hora certa.

Tudo combinado, o dia mergulhou na euforia que tomava conta da cozinha, em ritmo acelerado de pica daqui lava dali, tempera de cá...

Na sala de jantar, a decoração seguia magicamente.

Enquanto, na sala de estar, a distribuição dos presentes, em volta da árvore de Natal, encantava as crianças que, virava mexia, sentavam em volta para tentar adivinhar os presentes.

Era aquele dia em que, enquanto os adultos preparavam tudo, com detalhes, as crianças brincavam no quintal.

Por volta das 16h, casa pronta para a noite natalina, as famílias se retiravam para se prepararem para a festa.

E, por volta das 20h, todo mundo de roupa nova, voltava para a casa do vovô e da vovó, toda iluminada pelas luzes do Natal.

As crianças prontas, lindas, coloridas e felizes, retornavam tensas, pois a qualquer momento, o portão se abriria para o Bom Velhinho entrar.

Porém, nesse dia, ele demorou e as crianças começaram a criticá-lo:

- Alguém sabe o que está acontecendo com o Papai Noel?

- Será que o trenó estragou?

- Ah! Ah! Ah! Trenó estragar...

- Que Papai Noel bobo! Não avisa, não telefona...

- Ele está me irritando! Não estou aguentando mais...

- Eu também estou ficando nervosa com esse velhinho esquisito!

- Por que ele está demorando tanto?!

Não conseguiam mais brincar, ficavam sentadas no sofá, balançando as perninhas, e quando uma levantava era para ir ao portão ver se escutava o barulho do carro estacionando.

Quem ia, voltava informando:

- NADA!!!

E todas fechavam o semblante e cruzavam os braços, enfurecidas.

Até o momento em que começaram a rezar e, então, piscamos para o vovô. Ele foi buscar o saco de presentes.

Todo mundo foi para a sala e anunciamos para as crianças que o vovô tinha um recado para dar.

Uma engasgou, pensando que não teria presente e engasgada comentou:

- Ah!! NÃO!

Todas as crianças olharam para ela, meio espantadas, também não querendo acreditar nessa possibilidade.

- Calma, crianças! Esperem o vovô!

O vovô entra e faz direitinho o combinado:

Explica, abre o saco, pega o presente etiquetado e começa a chamá-las pelo nome.

Elas, imediatamente, abandonam a aflição e correm em direção aos presentes:

- Qual é o meu?

- É esse grandão?

- Por que você está ganhando dois?!

E a noite se envolveu em magia. O Papai Noel foi perdoado e as crianças gritavam de alegria.

Muito a se pensar aqui, sobre o Natal. Sobre valores que atribuímos às coisas, sobre os símbolos que criamos e sobre a superação dos símbolos sobre o real sentido das coisas.

Sobre a magia das cores, das luzes, do verde, do vermelho, que durante dezembro, florescem nas avenidas, nas faixadas de casas – mas que não é na casa de qualquer um.

Independentemente, do real e irreal que se estabelece aqui, lembrar dos nossos Natais é reviver noites muito felizes.

E mesmo que não seja verdadeiro o que disse Hamilton Wright Mabi:

“Bendita seja a data que une a todo mundo numa conspiração de amor.”

DESEJO PARA O MUNDO

UM FELIZ NATAL!

NAMASTÊ!