top of page
Blogs.png
Buscar

O DIA EM QUE ROBIN HOOD MORREU

Foto do escritor: BETH BRETASBETH BRETAS
Era uma tarde de sol iluminando asfalto com carros e ônibus passando paralelo à periferia.

Do nada, o herói inglês que roubava dos ricos para dar aos pobres, apareceu na minha cabeça.


Robin Hood – o homem que nasceu na nobreza, mas escolheu viver entre o povo pobre que morava na floresta.



O povo pobre que morava na floresta?!!!!


Pobreza?!!! Na floresta?!!!


Pela primeira vez, coloquei em xeque ser Robin Hood um príncipe amigo dos pobres e oprimidos.


Porque no contar das histórias existe uma filosofia escolhida e um personagem para representá-la.


E, para que uma história seja contada, existe um narrador com habilidade suficiente para convencer e conquistar um público alvo.


E, cada história contada, vai criando uma nova versão da história, enquanto narradores vão se multiplicando pelo caminho.


E, no tabuleiro da vida, não podemos esquecer: há muitos e variados jogadores disputando o registro da história sobre o jogo.


Robin Hood é muito mais que um herói representando uma história!

Ele é um discurso habilidoso de quem acreditou no discurso criado.

Ele cresceu em possibilidades, se renovou, nesta tarde, dentro de mim, fora do espaço criado pelo historiador.


Ele passou a ser somente aquele que se dá ao direito de falar em nome do outro – do outro que foi julgado incapaz e excluído da sociedade.


Uma sociedade que sempre elegerá alguém ou criará um projeto para defender o excluído.


“O não ouvir é a tendência a permanecer num lugar cômodo e confortável daquele que se intitula poder falar sobre os Outros, enquanto esses Outros permanecem silenciados.”

Djamila Ribeiro


Mas quem foi que disse, numa história infantil, que “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”?


Foi Ali Babá?

Foram os 40 ladrões?


Foi o criador da expressão ABRA-TE SÉSAMO!?


Quem criou discursos reforçando a desigualdade no mundo?


Quem criou pessoas que precisam de heróis?


Quais são as condições que se estabelecem para que um homem seja considerado excluído?


Quais são os critérios para se eleger um homem salvador dos pobres e oprimidos?


Há um novo leque pulsando, dentro do coletivo, circulando em área periférica, dentro de mim.


Onde Rob Hood perdeu o brilho, deixou de ser príncipe, deixou de ser herói dos pobres dentro do meu olhar que acompanha cada vida que sobe ou desce do coletivo, em área periférica.


“Quando somos crianças, nos ensinam a distinguir entre um herói e um vilão, o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida...”


Mas não nos ensinam a observar quem cria e quem conta as histórias...


Não nos ensinam a ler criticamente.

“Lá fora faz um tempo confortável

A vigilância cuida do normal

Os automóveis ouvem a notícia

Os homens a publicam no jornal...”


Zé Ramalho


E por não nos ensinarem e por não aprendermos, passamos a viver sobre “um jogo de forças que imprime o sentido.”



“Quase nada é tão redundante quanto chamar uma eleição de festa democrática, num país onde o voto é obrigatório.”


Demétrio Sena


NAMASTÊ!



Não se esqueça de deixar um comentário, e seguir nossas redes sociais:



38 visualizações5 comentários

Posts Relacionados

Ver tudo

5 תגובות

דירוג של 0 מתוך 5 כוכבים
אין עדיין דירוגים

הוספת דירוג
אורח
08 באוק׳ 2022

Como é bom ter o olhar crítico sobre a sociedade e a capacidade de não se deixar levar pela crença de que o analfabetismo é o que move a sociedade e nos transforma em seres dominados.

לייק

אורח
07 באוק׳ 2022

Demais!

Muito bom o fechamento: redundante e irônico.

Atualíssimo, bem a propósito e de bom propósito.

Parabéns!

Você continua afiada.

Um grande abraço.

לייק

Jane Aguiar Fernandes
Jane Aguiar Fernandes
06 באוק׳ 2022

Lindo e poderoso texto!! A linguagem, Miga, é poder!!!

לייק

Ana Carolina Bretas
Ana Carolina Bretas
06 באוק׳ 2022

GENIAL!!! ♥️

לייק

Estética e EFT com Helenita Bretas
Estética e EFT com Helenita Bretas
06 באוק׳ 2022

👏👏👏👏👏👏

לייק
bottom of page