OS AGOSTOS DA VIDA

Diz um ditado popular que “ande o ano por onde andar, no mês de agosto há de aguentar”. Desde pequena ouço falar mal do pobre agosto! Ou por ser ele o mês do desgosto, ou do cachorro louco, ou do piolho, ou por não ter feriado, ou por ter muito vento, ou por algum infortúnio acontecido (lembro-me que meu pai sempre comentava que Getúlio Vargas suicidou-se em agosto) e por aí vai. Agosto decididamente não é o mês mais popular do calendário.

No entanto, para mim, em particular, agosto tinha dois momentos bons. A celebração do dia dos pais e o aniversário da minha mãe. Não sei quanto a você, mas eu adoro comemorações! E, só de saber que teria uma ou melhor, duas festinhas, já ficava toda faceira. Então, por ter o que comemorar em agosto, o mês não era assim tão chato ou ruim para mim. E nem ligava para o fato de ser o mês mais comprido na escola.

Mas o tempo passou, eu cresci, não tenho mais pai ou mãe, meus filhos hoje são pais e moram longe da minha casa (por isto é difícil comemorar juntos o dia dos pais), com a pandemia, as festas já não acontecem como do mesmo jeito. O mês de agosto não mudou, e eu continuo a passar por ele numa boa. Ou pelo menos, indiferente a considerá-lo um mês bom ou ruim. O que será que mudou?

Posso afirmar que uma das principais mudanças se deveu ao fato de que, à medida que fui amadurecendo, aprendi a valorizar muito mais o presente do que as expectativas de futuro. E quem é o presente? Para começar, é o único tempo que é realmente nosso. O presente é a vida tal como ela acontece, com as suas alegrias e as suas tristezas. É esse exato instante em que você lê este texto. E por que muitas vezes ele é tão rejeitado, já que, muitas vezes, ou estamos presas ao passado, ou só pensando no que virá? Acredito que é porque queremos estar no controle da vida, e o presente é terreno árido para os controladores. Porque é sempre uma surpresa, porque pode ser cru e sem sentido, porque a verdade pode ser muito dura e, principalmente, pela sua fugacidade. O instante do agora da vida escapa por entre os nossos dedos, porque quando você tenta apreender o próximo minuto, ele já passou…

Assim, ser grato pelas coisas boas que lhe cercam, desde as mais simples até as mais significativas, é essencial para uma vida equilibrada e em harmonia. Quando você direciona sua atenção ao presente, consegue identificar motivos para expressar sua gratidão com muito mais facilidade.

“A capacidade de estar bem e feliz no momento presente é um componente importante do bem-estar mental.” – afirmava Abraham Maslow, psicólogo criador da Teoria da Hierarquia das Necessidades Humanas.

Manter o foco no presente não significa ser inconsequente e ignorar o futuro. Sei muito bem que há momentos na vida — quando o presente é incerto, por exemplo — que é natural e legítimo buscar um pouco de alento no futuro idealizado. Você implora a fuga e o conforto do “deixa-me sonhar — dá-me prazer e é de graça!”. Eu deixo. Você pode e deve fazer planos, com a diferença que irá se concentrar no que está ao seu alcance fazer agora, em vez de deixar que a mente se encha de preocupações que não lhe levarão a lugar algum. Afinal, outra coisa muito importante que o tempo foi me ensinando, é que as grandes doenças desse século que são a ansiedade, angústia, estresse e outras neste pacotão, são relacionadas a problemas do passado ou a questões do futuro.

Acredite. Nossa vida é resultado das atitudes que escolhemos tomar hoje. Desta forma, o que define nossa realização, nossa alegria, nosso sucesso, não é só nosso “querer”. É uma soma do querer com o agir. Escolha viver plenamente o presente com tudo o que ele nos oferece: a possibilidade de sermos melhores, de fazermos o que tem de ser feito, de valorizar, de ser feliz, de amar, de colocar-se a trabalho. Somente no presente encontramos ferramentas para fazer de nossos projetos uma realidade, pois se assim não o fizermos, os projetos existirão sempre como possibilidades e não realidades! Isto é agir.

E, se optarmos por viver nosso presente de forma ilimitada e crendo em uma verdade que Jesus nos ensinou que está na Bíblia, no Evangelho de Mateus capítulo 6 verso 34, passaremos por todos os agostos da vida com mais leveza e menos angústias. Diz a Bíblia: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.”