PSICOTERAPIA BREVE

Pensei em falar sobre este tema, dado que muitas pessoas têm vontade e precisam fazer uma terapia, mas não tem disponibilidade de tempo, motivação ou recursos financeiros para um processo mais prolongado. Você conhece a modalidade de Psicoterapia Breve? Quem sabe ela seja para você, ou para alguém que você conheça?

O QUE É PSICOTERAPIA BREVE

A Psicoterapia Breve apresenta-se como uma modalidade considerada terapia de objetivos limitados, por ter metas mais reduzidas e modestas que as psicoterapias convencionais. Surgiu da preocupação de alguns psicanalistas, a partir da década de 60, em encontrar formas de abreviar o sofrimento de seus pacientes. Se, no início do século XX, o próprio Freud já demonstrava sua preocupação com o que chamou de “miséria neurótica” (1919), o que dizer, então, de nossa chamada “pós-modernidade” um século após, época de uma pandemia crônica em saúde mental.

Na Psicoterapia Breve os objetivos são estabelecidos a partir do diagnóstico do paciente e da delimitação de um foco, considerando-se que esses objetivos sejam passíveis de serem atingidos num espaço de tempo limitado, definido logo de início ou depois de algumas sessões. Esta duração é ajustada entre o psicoterapeuta e o paciente e, deve ter o prazo máximo de um ano, podendo durar alguns meses ou algumas sessões.

A Psicoterapia Breve procura possibilitar a melhora na qualidade de vida, auxiliando o paciente a encontrar e resolver questões emocionais de forma mais rápida e assertiva, elegendo uma queixa principal e se empenhando na sua resolução.

Diferente do tratamento tradicional, como na abordagem psicanalítica, onde o processo de transferência visa trazer, além dos conteúdos atuais, a história pregressa do paciente, na PB esse processo é direcionado basicamente para a situação problema definida como foco, sem, no entanto, desconsiderar os processos inconscientes nela envolvidos.

QUEM PODE SE BENEFICIAR DESTA MODALIDADE

A psicoterapia Breve (PB) tem se constituído, nas últimas décadas, numa das principais opções para se tentar estender o atendimento psicoterápico a parcelas mais amplas da população. O uso desta modalidade de atendimento vem se ampliando, em função das demandas dos pacientes, que, muitas vezes, buscam ajuda para problemas específicos, seja na esfera do trabalho, das relações interpessoais ou pessoais, e de casais.

É, também, muito utilizada em casos psíquicos pontuais tais como: estresse pós-traumático, luto, doenças graves/hospitalização, crises de ansiedade e depressão, fobias, transtorno do pânico ou vícios em estados crônicos e graves, vítimas de abusos diversos e outros casos, em que há uma certa urgência na busca de uma escuta qualificada que possibilite a superação da crise. É ainda uma forma de impedir que as condições agudas se tornem crônicas.

COMO TERMINA UMA PSICOTERAPIA BREVE

Ao final do prazo estabelecido para a terapia, é indispensável proceder a uma avaliação dos resultados obtidos. Se estes forem considerados satisfatórios, o objetivo terá sido atingido e, assim, os encontros entre terapeuta e paciente são encerrados.

Se, no entanto, a avaliação do processo indicar que o trabalho realizado não foi suficiente para o domínio das tensões conflitivas e dos sintomas que deram origem à busca pela PB, a decisão de encerrar o tratamento pode ser revista. Nesse caso, cabe considerar a possibilidade de um atendimento psicanalítico sem tempo de duração preestabelecido.

Mesmo que seja esta a situação é notória que, a PB revelou-se um precioso instrumento de preparação do paciente para um processo mais robusto, pois possibilitou a formulação de interrogações a partir do sofrimento vivenciado, abrindo-se para a possibilidade de um aprofundamento em direção à sua subjetividade.

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