SANTOS MILAGREIROS
Quando é inverno no Brasil, essa curta estação fria, sol meio morto, dias rápidos, o brasileiro de mãos dadas aos Santos do mês de junho, tira o corpo da inércia e remexe daqui, dali, acolá... Muitas mexidas diferentes e calorosas.
Falo estação curta, porque o que era pra ser frigidíssimo, em pelo menos três meses, é só um amenizar de verão.
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As festas juninas uma vez por ano, é claro, há somente um junho, trazem ares festivos, trajes culturais: vestidos rodados de chita, de xadrez circulados de fitas, cores fortes como vermelho, preto, azul para vigorar os corações. O figurino masculino também no estilo tradicional, furos nas calças, enfeites e um chapéu “top”, deixando o cavalheiro charmoso.
O chamado forró raiz é uma atração fincada na alma e nos pés de muitos brasileiros, na maioria nordestinos. É alegria que se junta a Santo Antônio que de tão feliz, faz o milagre do casamento de homens e mulheres encalhados.
A fogueira é fogo no corpo humano que transborda de emoção. Salta de um lado para outro, por cima do fogaréu, dão as mãos, se tornando compadres e comadres. A foguetada em direção ao céu, cruzam suas luzes com as das estrelas e as noites, especialmente a de São João, a mais virtuosa, perde sua escuridão. Todo mundo se diverte: canta, dança, degusta delícias, as iguarias canjica, caldos, milho cozido, pipocas e um pouco de álcool no quentão. No interior bebe-se também uma cachacinha, da boa!
É uma riqueza!
Em Rio Pardo de Minas, onde morei, é uma tal de bandeira roubada - que roubar não é pecado. Confesso que a primeira vez que participei de uma festa dessa, chorei de emoção e não me envergonho de contar para vocês. Foi em uma escola - Riacho de Areia - na década de oitenta. Foi tão linda, que nada apaga de minha memória, nem a morte, pois sei que mesmo no céu ainda vou lembrar. Está em “As Letras Têm Preço” de minha autoria.
"... − Mariquinha, ainda se recorda da festa da “Bandeira Roubada de São João?
Dei um sorriso.
−Maria, muita coisa apagou-se de minha memória, mas esse acontecimento, festa junina na moda caipira...
−Sensacional, emocionou toda comunidade escolar, ilustrou nossa profissão – professoras do povo."
A Bandeira Roubada deu o que falar. Durou pouco, o suficiente para se tornar inesquecível. A foguetada clareou as quatro quinas do grupo, os campos ao redor e a estrada. A claridade dos fogos, somada às chamas ardentes da fogueira, alcançou as estrelas – a noite desmanchou-se. Foliões entoaram o hino de Santos Reis, (costume deles, né) dançaram a contradança e ergueram a bandeira do Glorioso.
- Viva Senhor São João! Viva! Viva...
O casal, Alda e Arlindo, é quem deu a festa, manifestando aos amigos, ao vivo, uma amizade sincera, numa noite de junho de 1985, mágica e calorosa.
São Pedro - dia 29 - é mais silenciosa. Dizem que é o santo das viúvas. Aqui no ouvido, kkkkk. Viúva precisa também de festa, alegria e prazer – Ôxi!
Nas cidades grandes, nas escolas, então, é comum a dança da Quadrilha. Dá gosto a gente ver... Anarriê, olha a chuva... O movimento dos passos segue o ritmo da música, própria para a ocasião. A meninada se eleva de prazeres e gritos.
Eu, particularmente, escrevo. Deixo aqui um poema para abrilhantar este texto.
Quadrilha
Tardes de sol frio
Risos a toda hora
Nos pátios das escolas.
A meninada grita
Vislumbram cores diversas
No mês de junho das festas.
Barulho...
Vestidos rodados de chita,
Camisas de xadrez, chapéu de fita.
Logo chega a vez
De dançar por diversão
No ritmo de uma canção.
Olha a chuva!
De par em par, euforia e emoção
Sorrisos saindo do coração.
É a quadrilha de paz e da união.
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As tradições juninas são tudo de bom! Adoro! Parabéns! Beijocas, Carla Kirilos
Que texto delicioso!!!
Senti aqui, o gosto das festas deste período que particularmente, eu adoro!!! Que o tempo não apague esssas lindas festividades. Abraços, Júnia.
Beleza das tradições cada vez mais escassas, mas que resistem, ainda que um tanto quanto modificadas. As festas e o cardápio desta época são bons demais da conta!!!
“A claridade dos fogos, somada às chamas ardentes da fogueira, alcançou as estrelas – a noite desmanchou-se.”
E salve salve a poesia do olhar de quem é poeta!!
Namastê!