SORRIA. OU NÃO. VOCÊ NEM SEMPRE ESTÁ SENDO FILMADA

Quando escolhi este título para o meu texto, não sabia que, além de livros, até já existe dissertação de mestrado sobre o tema.

E, como a minha intenção não é caminhar pelo viés acadêmico que a ideia oferece, fiz mudanças que me permitissem, com naturalidade, buscar a dicotomia que o ato de sorrir pode proporcionar.

Sou sorridente por natureza. Desde criança, sempre sorri mais do que chorei. E, aos poucos, meu sorriso virou uma marca minha. Meu marido costuma dizer que isto foi uma das coisas que o conquistou. Segundo ele, meu sorriso é “largo e fácil”.

Para outras pessoas, expresso simpatia, acolhimento, alegria e paz ao sorrir. De uma maneira ou de outra, o que sei é que gosto muito de ser uma pessoa que tem o sorriso como virtude. Entendo que um sorriso genuíno diz tudo que a alma não consegue expressar, verdadeiros sentimentos que só o coração sabe interpretar. O sorriso é o idioma do amor universal.

Em qualquer lugar do mundo um sorriso é compreendido e, na maioria das vezes, correspondido.

Há muitos estudos científicos que confirmam que um sorriso genuíno é geralmente considerado atraente para os outros ao nosso redor (funcionou com o meu marido). Outros estudos mostram como o ato de sorrir pode elevar nosso humor e o humor das pessoas à nossa volta. Há, também, os que encontram um forte vínculo entre boa saúde, longevidade e sorriso. O ato de sorrir (produzindo formas e movimentos físicos faciais), seja como resultado de uma verdadeira alegria ou de uma atitude, pode trazer benefícios de curto e longo prazo para a saúde e o bem-estar das pessoas.

Ou seja, sorrir, além de tudo, também é bom para a saúde.

Vimos até aqui os benefícios do sorriso, mas sabia que sorrir também pode fazer mal? Como assim? Impossível isso! Mas a verdade é que forçar o sorriso pode, e muito, piorar sua saúde, pois afinal esconder as emoções é perigoso e nada fácil.

Sim, estamos vivendo um tempo em que muitas vezes sorrimos apenas para as câmeras. Há vários artigos na internet que ensinam como sorrir para tirar a selfie perfeita. No entanto, mesmo sorrindo por fora, estamos chorando por dentro. Mas como estamos sendo filmadas, é importante parecer feliz, alegre e bem sucedida sempre.

Quão falso tudo isso pode ser!

Nosso individualismo, a necessidade de não demonstrar fraquezas, somada às relações sociais (virtuais) artificiais que criamos, fazem com que sempre tentemos esconder para debaixo do tapete a tristeza, estresse, problemas e preocupações rotineiras por trás de um semblante positivo. E isto atualmente tem um nome.

Depressão sorridente.

A especialista em ansiedade, depressão e estudiosa do tema, Olivia Remes, da Universidade de Cambridge, aponta em seu artigo que, quando o sorriso vira um mecanismo de defesa para esconder um estado de espírito que pode mascarar sentimentos, é preciso entrar em alerta para evitar um adoecimento. E assim, não posso deixar de fazer aqui uma citação bíblica bem oportuna ao tema. “A alegria do coração transparece no rosto, mas o coração angustiado oprime o espírito.” (Provérbios 15:13)

E tudo que gera algum tipo de opressão não faz bem e merece atenção. Sorrir é bom, mas não deve nunca ser forçado. Não importa se há ou não uma câmera na mão, não esconda sua realidade. Sorria. Ou não. A vida real precisa ser encarada e vivida. Não pode ser mascarada, porque nosso cotidiano não tem nada de virtual e não pode ser centrado em aparências.

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