TRANÇAR
Hoje tive vontade de trançar os cabelos.
No primeiro momento, pensei em tranças boxeadoras, mas a trançante (colega que trançou) me sugeriu esta, que está na foto de capa do texto.
![](https://static.wixstatic.com/media/44bda1_f259e7e1927b489f95c0c188d7a5e18f~mv2.png/v1/fill/w_980,h_784,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/44bda1_f259e7e1927b489f95c0c188d7a5e18f~mv2.png)
Comecei a pensar no significado literal da palavra e encontrei no dicionário:
Verbo transitivo direto
Retirar a função de algo, cancelando-o ou anulando o seu sentido.
Não satisfeita, fui buscar simbologia para o ato de trançar:
“Antigamente, a trança era, literalmente, um meio de fuga da escravidão, pois, ao trançar os cabelo uns dos outros, os negros e negras traçavam caminhos para a liberdade.” Relata Mari Helena Santos, trancista.
Buscar vários significados: real, imaginário e simbólicos são formas de sermos sujeitos em várias versões.
Quando pensei na boxeadora (inconscientemente) queria bater na dor que senti, logo cedo, quando soube da morte da minha cachorrinha, a Lua.
Mas, aí pensei logo que não era isso, somente.
Estou num momento em que tenho vontade de boxear a mim mesma e à sensação de dificuldade de não produzir, não sair do lugar; e, paradoxalmente, saí há pouco tempo de um trabalho.
Tenho dificuldade e sempre tive com a tal da não produção (resquícios familiares) capitalista; que chegou a me adoecer emocional e psiquicamente. Tendo resquícios corpóreos deste adoecimento.
Voltando às tranças - tema central desta escrita - é assim que reconheço meu valor: trançando e destrançando; dançando e desdançando (inventei) na vida.
Seguindo, hoje, a música que toca.
Não se esqueça de deixar um comentário, e seguir nossas redes sociais:
![](https://static.wixstatic.com/media/44bda1_d5bad3c6833e490fb2bade7b20422dce~mv2.png/v1/fill/w_980,h_454,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/44bda1_d5bad3c6833e490fb2bade7b20422dce~mv2.png)
Adoro tranças! Para mim representa um exercício de paciência e beleza. Parabéns! Beijocas, Carla Kirilos
Eu também já trancei os cabelos e, inconscientemente, ou nem tanto, sempre houve no meu ato de "trançar" uma ruptura de, ou enfrentamento a um determinado status quo. Não sei qual é a relação, mas trançar liberta! Talvez as tranças realmente tenham a capacidade de indicar caminhos. Parabéns pelo texto!
Agora, na gramática. Realmente, o verbo trançar é rico porque exige muitos complementos com significados diferentes. Por essa razão é chamado transitivo direto. E que bom que ajudou os escravos que se disfarçando de trançar o cabelo uns dos outros, planejavam a liberdade tão sonhada. Isso mostra o quanto o negro é inteligente e esperto.
Aruane, seu texto me fez lembrar de minha infância. Tinha uma cabeleira e tão crespo que não aguentava pentear. Não tenho vergonha de falar. Lá, naquele mato, quem se importava de pentear cabelo? Ficava, às vezes, um mês sem pentear o cabelo e minha mãe na lida da vida pesada e sofrida, nem via meu cabelo. Quando sobrava um tempinho, ela assentava comigo, um pente e um pote de banha tratada (assim ela dizia) não só penteava meu cabelo como trançava todinho. Amarrava essas tranças umas nas outras e que alívio! Eu ficava bonita, nem sei, talvez até uns dois meses. Sei que tem leitor que nem vai acreditar nisso.
Nossa!Existem coisas que, realmente, adoecem: capitalismo, escravidão, sentimento de estagnação, perder alguém querido…
Coisas que fazem a vida ficar menor.
Que bom que há amanheceres e que dentro deles, existe a oportunidade de renovarmos valores.
Namastê!