UM PASSEIO PELAS EMOÇÕES
Na semana passada, eu e meu neto de 14 anos (um típico pré-adolescente) fomos ao cinema para ver "Divertidamente 2". Confesso que, inicialmente, pensei que seria apenas mais um filme animado para nos distrair em uma tarde de férias. No entanto, o que encontrei foi uma jornada profunda e tocante pelas emoções humanas, que me fez refletir sobre a complexidade de crescer.
Sentados lado a lado, observava meu neto, que está vivenciando exatamente esta fase tão cheia de mudanças e incertezas. O filme reintroduz a personagem Riley, agora também uma adolescente, navegando pelo mar revolto das emoções. Ver sua luta interna refletida na tela foi como espiar um pouco do mundo interior do meu neto, algo que muitas vezes é difícil de acessar e compreender.
Nos primeiros anos da adolescência, o cérebro está passando por uma remodelação, disse a dra. Lisa Damour, psicóloga clínica em Ohio que foi consultora do novo filme de animação. Junto com essas reformas vêm novas e complexas emoções — vergonha, inveja, tédio e ansiedade. Todas muito bem retratadas no filme.
Das novas personagens, duas chamaram muito a minha atenção: a ansiedade e o tédio. A ansiedade, com seus constantes murmúrios de preocupação e medo, personifica perfeitamente aquilo que muitos jovens (e até nós, mais velhos) sentimos em momentos de transição. Já o tédio, uma emoção muitas vezes subestimada, é uma presença constante no universo teen. Ele representa aquele sentimento de insatisfação e inquietação que muitos adolescentes enfrentam quando as atividades rotineiras perdem o brilho e a excitação.
Enquanto Riley enfrentava suas novas experiências e pressões, via no olhar do meu neto um misto de reconhecimento e reflexão. Parecia que ele também estava revisitando suas próprias batalhas internas, compreendendo um pouco mais sobre si mesmo. O filme nos mostrou que a ansiedade e o tédio, embora desconfortáveis, são emoções naturais e necessárias. A ansiedade nos prepara e nos protege, enquanto o tédio pode ser um catalisador para a criatividade e a busca por novas experiências.
Lembro-me de um momento em particular do filme, quando a personagem da Riley estava prestes a tomar uma decisão importante e a ansiedade começou a se manifestar com força. Apertei a mão do meu neto, querendo que ele soubesse que, assim como Riley, ele não está sozinho em sua jornada. A narrativa do filme nos faz entender que aceitar e abraçar todas as emoções é fundamental para nosso crescimento e bem-estar.
Saímos do cinema diferentes de como entramos. Eu, com uma nova perspectiva sobre as lutas internas que meu neto provavelmente está vivendo, e ele, talvez, com um pouco mais de clareza sobre suas próprias emoções. "Divertidamente 2" nos proporcionou não apenas uma tarde de entretenimento, mas uma oportunidade de nos conectarmos em um nível mais profundo.
E foi exatamente esta conexão que me trouxe à memória um versículo bíblico que pareceu se encaixar perfeitamente com o que vivenciamos: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:7). A paz que buscamos, especialmente durante a adolescência, vem de aceitar e entender todas as emoções, confiando que elas têm um propósito em nossas vidas.
Então, se você tem um jovem em sua vida, super recomendo que assista a "Divertidamente 2" com ele. É uma experiência que vai além da tela, nos convidando a compreender e validar as complexas emoções que todos enfrentamos. Afinal, todos nós, em qualquer idade, temos muito a aprender sobre nós mesmos e sobre aqueles que amamos. Fica a dica!
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Não conheço o filme, mas seu texto , Carla, me levou a pensar: tudo traz um aprendizado, em qualquer tempo e lugar. Eu, professora, vejo no adolescente uma enchurrada correndo sem rumo, com uma fome de descobertas, passando em cima de tudo que ver na frente. É a faixa etária mais perigosa e que mais precisa de ajuda, amor, diálogo e compreensão. Parei até de dar aula pra adolescente porque já não sinto capaz de ensiná-los na proporção de suas energias e necessidades.
O ser humano é mesmo um misto de emoções e o filme nos mostra que nenhuma precisa ser eliminada. A cena das emoções se abraçando, no momento de pico da crise emocional da Riley, é sensacional!
Crescer não é brincadeira!
Namastê!
Ainda não assisti ao filme, mas após ler seu texto fiquei muito curiosa. Obrigada pela dica. Laura
Carla, que delícia de texto! Como gosto de perceber sua ligação com seus netos e família. Parabéns! Janete
Ótima reflexão, Carla! A arte tem esse poder, nos tocar, fazer refletir. E é muito bom que seja assim e que temos a oportunidade de ensinar isto à nova geração.