EU ME LEMBRO DE VOCÊ │ CAPÍTULO VII - PARTE 5
Um Tesouro em uma Árvore - Parte 5
Embora, para mim, as ideias de Canarinho não fossem tão ridículas assim, infelizmente, o assunto era diferente para os membros da espécie dele.
E, no final, eram eles que importavam de verdade.
Feira após feira, independentemente do quanto Canarinho envelheceu, ele sempre foi o que teve suas teorias, cada vez mais, tratadas como uma piada.
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E a Torre Torta fez incontáveis amostras, sobre as quais nunca faltei uma.
Bem, ao menos, tinha muitas outras coisas mais interessantes para se fazer nessas "Exposições" do que olhar as dores de Canarinho. Sinceramente, nem ao menos era da minha conta, eu não estava tão interessado nesse humano.
Então, não é que eu tenha me tornado fixado em Canarinho.
É só que, depois de mais quatro estações, toda vez que eu ia à Feira da Torre Torta novamente, eu me lembrava da existência daquele humano e me via curioso para ver se ele ainda tinha coragem para expor suas ideias, cada vez mais complexas e extraordinariamente irreais, independente do ridículo que sofria. Ou que Canarinho ainda o fazia, mesmo com o fato de que, a cada nova amostra, seu lugar de exposição estava cada vez mais afastado da movimentação.
A alienação e a maldade para com aquele Canário, agora totalmente adulto, se tornava cada vez mais tão alta e tão forte que, talvez, me vi com certa admiração ao olhá-lo insistir com as suas cômicas teorias de voo, ano após ano.
Bem, era admirável.
Gatos não são tão sociais, particularmente eu.
Não faz tanta diferença para mim passar a vida sozinho ou acompanhado, - ainda mais, se for pelos membros tolos de minha própria espécie - na verdade, prefiro viver sozinho do que conviver com outro gato. Então, obviamente, a importância que dou para qualquer opinião de repulsa dirigida a mim de outro gato, é nula e recíproca.
Mas, este foi um fato que levei um tempo para observar do mundo. As coisas, infelizmente, são diferentes para os humanos, criaturas sociais que vivem, para sempre, informadas em suas colônias. Eu jamais vi um humano completamente longe de outro membro da própria espécie, sozinho.
Mesmo minha amável Pequena Senhora, em seu abandono desumano, ou meu decadente Velho Rabugento, cada vez pior após a morte de Girassol, decaíram por solidão e não viviam completamente afastados de demais pessoas. Humanos anseiam por outros humanos, e, naturalmente, dependem das opiniões opostas, a que são submetidos desde que nasceram.
Então, sim, foi muito admirável.
Canarinho foi o único humano que eu tinha conhecido em toda a minha longa vida, até aquele momento, que lutava contra a própria colônia, nunca se curvando.
Quanto às suas teorias… Nunca perderam a graça, como todas as demais ideias que existiam na Amostra. Se Canário começou, desde jovem, a defender a ideia de que humanos poderiam voar se construíssem bugigangas adequadas, à medida que envelhecia, passou a defender, também, que os céus deveriam ser a próxima casa dos humanos.
Claro, ele não só falava e gritava para atrair atenção, ele também levava pequenos objetos construídos por ele, que de fato podiam ser levados com o vento. Mas, nenhum humano, nem filhotes recém nascidos, caberiam naquilo, embora, ele dissesse que bastava apenas construir aqueles objetos maiores para funcionarem.
Não sei se eles realmente voariam com o peso adicional de uma pessoa, mas aqueles objetos eram definitivamente maravilhosos… para se agarrar no ar e afiar minhas garras.
Infelizmente, não eram resistentes e Canarinho passou a ficar muito cauteloso, e furioso, quando me via.
Era uma pena.
Talvez, os demais humanos o ouvissem mais, se ele passasse a estudar os gatos, e fazer coisas para serem arranhadas. Ao menos, ele não seria desprezado, provavelmente.
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Não ser desprezado pelos humanos é algo muito significativo para não ser percebido.Embora isso não seja algo seguro,já que se trata dos humanos.
NAMASTÊ!
👏👏👏👏❤️😘