VOCÊ NÃO É TODO MUNDO

Este texto nasceu à medida em que eu lia um artigo do escritor Rodrigo Vergara. Ele começa seu texto com a seguinte citação: “Por que a gente se esconde atrás dos outros quando fala de si? Você não é todo mundo. Quando você diz ‘eu’, você assume as suas escolhas.”

Quantas vezes ouvi, principalmente da minha mãe, a frase do título que uso aqui? E, geralmente, a que situação ela era atribuída? Quando eu, como filha, manifestei o desejo de ter os privilégios usufruídos por algumas amigas minhas. Com você foi assim também?

Pensando bem, todo mundo é muita gente! Hoje, compreendo que a intenção da minha mãe era me instigar a tomar uma atitude que fosse um desejo genuíno meu, e não algo que fizesse parte da realidade ou da expectativa de outra pessoa ao meu redor.

Assim, fui aprendendo que falar em primeira pessoa tem vários efeitos sobre mim. O primeiro é um rigor maior em relação aos fatos. Quando extrapolo minhas escolhas para “todos” ou “a gente”, posso exagerar no colorido da frase para causar mais efeito. Afinal, não se trata só de mim. Todo mundo faz igual. Os fatos que trago são universais. Reforço assim meu argumento e dou peso à minha opinião. No entanto, ao nos escondermos atrás dos outros, perdemos a oportunidade de afirmar quem realmente somos e o que realmente pensamos.

Por isso, cada "você não é todo mundo" que ouvi da minha mãe me ensinou a ter mais argumentos para demonstrar a minha singularidade. Ou seja, eu sou única.

Mas, ao falar sobre mim, convém cuidado. Não quero que me entendam mal ou que me julguem erroneamente. Melhor ser específica. “Não é sempre que faço isso diante daquilo.” “Acontece, mas é de vez em quando.” Além disso, ao dizer "eu", mostro um ato de coragem. Significa assumir responsabilidade pelas minhas decisões, reconhecer meus erros e celebrar minhas conquistas. É também uma atitude de vulnerabilidade, pois me expõe ao julgamento alheio. No entanto, percebo isso como um exercício de força, pois me permite viver de maneira autêntica e plena.

Quando digo "eu", não estou apenas afirmando minha individualidade, mas também inspirando outros a fazerem o mesmo. A coragem é contagiante! Quando alguém se mostra autêntico e assume suas escolhas, encoraja quem está ao redor a fazer o mesmo. Esse é o poder do exemplo.

A sociedade, muitas vezes, não celebra a diferença; ao contrário, pode punir aqueles que ousam sair do padrão. No entanto, é justamente essa diferença que enriquece a vida e promove o crescimento pessoal e coletivo. Afinal, eu não sou todo mundo!

Tem uma poesia que leio de vez em quando que diz o seguinte:

"Seja você, sem medo de ser,

Pois no palco da vida, cada um tem seu papel,

E a beleza do espetáculo está nas diferenças,

No brilho único de cada estrela."

(Autor Desconhecido)

Lindo isso, não é mesmo?

Para finalizar, deixo para vocês uma citação bíblica que, muitas vezes, também ouvi da minha mãe. Está no livro de Romanos, capítulo 12, verso 2, e diz: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

Hoje, com a maturidade adquirida, compreendo perfeitamente as palavras da minha mãe, que, no passado, tanto me irritaram. É simplesmente compreender que somos todos únicos, com algo especial para oferecer. Concorda?

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